A falência da fornecedora da Apple, a GT Advanced, nesta semana, é um exemplo dramático de como a criadora do iPhone pode colocar fornecedores dispostos a assumir um risco no curto prazo em troca de futuras riquezas em uma posição difícil.
Analistas e profissionais do setor atribuem os aparentes problemas de fluxo de caixa da GT Advanced a termos desfavoráveis de um acordo com a Apple, que envolvia a construção de uma fábrica cara no Arizona para produzir cristal de safira exclusivamente para a Apple, sem que a criadora dos iPhones tivesse obrigação de comprar o produto.
Acordos aparentemente desequilibrados são comuns entre companhias buscando fornecer componentes para as centenas de milhões de iPhones e iPads que a Apple vende por ano. Mas os riscos do envolvimento com um iPhone futuro podem ofuscar as recompensas.
Com o objetivo de potencialmente substituir o Gorilla Glass da Cornings para telas de safira em seus iPhones, a Apple falou com vários fabricantes que recuaram diante dos termos sendo oferecidos antes de fechar com a GT, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, que não quis ser identificada por não estar autorizada a falar com a mídia.
Acordos e desacordos
Sob os termos do acordo eventualmente fechado entre as duas firmas em novembro, a Apple disse que ofereceria um pagamento antecipado de cerca de US$ 578 milhões (aproximadamente R$ 1,3 bilhões) à GT Advanced para ajudar a bancar a fábrica no Arizona, valor que seria então pago de volta à Apple durante cinco anos a partir de 2015.
O acordo da Apple para ajudar a financiar a nova fábrica da GT Advanced não é incomum para a criadora de aparelhos móveis.
No final de 2011, a Apple investiu em torno de US$ 1 bilhão em uma fábrica de tela LCD operada pela japonesa Sharp com intuito de produzir o material para o iPhone 4. O celular, no entanto, não vendeu tão bem quanto esperado após seu lançamento em outubro de 2012, e a Sharp foi forçada a suspender temporariamente a produção.
A GT Advanced apresentou poucas explicações sobre o que levou à inesperada apresentação de pedido de proteção contra credores na segunda-feira. A empresa também não respondeu a pedidos por comentários.