Um estudo recém publicado mostra que formigas argentinas são capazes de localizar recompensas mais rapidamente ao ser expostas a doses baixas e moderadas de cafeína, sugerindo um melhor aprendizado.
Um novo estudo mostra que formigas adicionar cafeína a uma solução com açúcar pode ajudá-las a localizar suas recompensas mais rápido do que aquelas que sem o composto, sugerindo que a cafeína aumenta a capacidade de aprendizado.
O estudo foi liderado por Henrique Galante, biólogo computacional da Universidade de Ratisbona, na Alemanha. A publicação foi feita na quinta-feira (23), na revista científica Cell.
Para analisar a resposta das formigas argentinas (Linepithema humile) à cafeína, os cientistas montaram uma arena do tamanho deesses insetos em uma folha de papel de impressora no laboratório.
Uma gota de solução açucarada foi colocada no papel para atrair as formigas. As soluções variavam em níveis de cafeína, algumas sem a substância, outras com doses baixas, moderadas ou altas, todas localizadas no mesmo lugar.
O estudo testou 142 insetos, cada um sendo testado de forma individual quatro vezes. Os pesquisadores observaram uma melhora de 28% no caminho até o alvo com doses baixas de cafeína. Já com a dose intermediária, foi de 38%.
As formigas que receberam doses de cafeína (baixas ou intermediárias) seguiram um caminho mais direto até o doce a cada tentativa, o que pode sugerir um aprendizado do trajeto até a recompensa.
Já com soluções sem cafeína, elas seguiram caminhos mais extensos, sem melhora ao longo do tempo. O estudo pontua que não se trata de fazer esses bichos se moverem mais rápido, mas sim com eficiência. Não houve impacto no ritmo das formigas, mas reduziu as voltas que elas davam para chegar lá.
Além disso, foi descoberto que as grandes quantidades não são necessariamente melhores. A dose mais baixa possuia 25 partes por milhão (ppm), semelhante aos níveis encontrados naturalmente em algumas plantas.
A dose moderada era de 250 ppm, comparável a uma bebida energética, que as tornou mais eficientes. Porém, a dose mais alta, de 2000 ppm, resultou em fatalidade.
O objetivo do estudo é entender melhores abordagens para o controle da formiga argentina, que é uma espécie invasora.
Atualmente, a equipe de Galante está testando iscas com cafeína em campos na Espanha. A perspectiva é que a substância aumente a capacidade de aprendizado das formigas em relação à localização das iscas, o que pode ajudar a controlar a população com menos uso de pesticidas.