Fóssil de dinossauro traficado para Alemanha volta ao Brasil no domingo

Espécie de mais de 100 milhões de anos foi retirada do Ceará de forma irregular nos anos 1990

2 jun 2023 - 18h35
(atualizado às 18h40)
Ubirajara Jubatus, fóssil brasileiro
Ubirajara Jubatus, fóssil brasileiro
Foto: Divulgação

O dinossauro brasileiro Ubirajara jubatus, levado irregularmente para a Alemanha na década de 1990,  voltará ao Brasil neste próximo domingo (4), segundo a Folha de S Paulo. A vinda ocorre após uma polêmica que mobilizou a comunidade científica do país. O fóssil será trazido pessoalmente pela ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock.

O retorno do fóssil ao solo brasileiro foi confirmado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que citou que as negociações envolveram o Instituto Guimarães Rosa, ligado ao Itamaraty, oMinistério da Ciência, Tecnologia e Inovação e a Embaixada da Alemanha em Brasília.

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Ubirajara jubatus é o dinossauro mais antigo da Bacia do Araripe, na divisa de Ceará, Piauí e Pernambuco, e considerado uma espécie que antecedeu as aves. 

A negociação entre o governo brasileiro e alemão incluiu a apresentação de documentos comprobatórios sobre o Ubirajara e também sobre outros fósseis já identificados. Allyson Pinheiro, professor da Universidade Regional do Cariri, diz que a repercussão do caso foi mundial.

Em comunicado à imprensa alemã, o Museu Nacional do Rio de Janeiro foi citado como futuro local que abrigaria o fóssil do dinossauro. Mas, o material deve ser encaminhado ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, no Ceará, de forma a fomentar o turismo na região. 

Fóssil do Ubirajara
Foto: Divulgação/Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

"Desde 1942, a legislação brasileira exige a autorização prévia para qualquer extração de fósseis e a fiscalização feita por instância federal. O tráfico desses materiais tem sido um problema, principalmente na bacia do Araripe", informou o governo federal. 

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"Nos últimos três anos, o Ministério Público Federal já atuou no repatriamento de dezenas de outros fósseis que estavam na Europa, no Instituto Real de Ciências Naturais da Bélgica, ou que eram comercializados em sites de leilões na Itália e França", incluiu. 

Campanha e mobilização da comunidade científica

Em 2021, o movimento #UbirajaraBelongsToBR teve bastante repercussão nas redes sociais e exigia a repatriação do fóssil.

No mesmo ano, o Museu de História Natural de Karlsruhe, que abrigava a peça, afirmou que o fóssil era propriedade do governo alemão, e que havia adquirido o dinossauro antes da entrada em vigor da Convenção da Unesco, que regula a transferência de propriedade de bens culturais, de 1970.

Entretanto, após meses de negociações, ficou decidido que o fóssil pertence ao Brasil e retornará para a área que foi retirado ilegalmente há cerca de 30 anos. 

Ubirajara jubatus

Com 110 milhões de anos, o fóssil indica que o dino foi uma criatura pequena, do tamanho aproximado ao de uma galinha, revestido de penas e adornos curiosos ao observador moderno.

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A espécie Ubirajara jubatus se destaca como um dos dinossauros de aparência mais elaborada e ajuda a entender como "aves, tais quais os pavões, herdaram sua capacidade de se exibir", segundo os autores do estudo publicado na revista científica Cretaceous Research.

Estas fitas não são escamas, pelos ou penas como conhecemos, mas estruturas provavelmente únicas deste anima, apesar de semelhantes ao do pássaro Semioptera wallacii.

E para que tanto capricho? De acordo com pesquisadores na Alemanha, Inglaterra e México, possivelmente a aparência chamativa tinha a função de atrair parceiros ou intimidar inimigos.

"Para muitos animais, o sucesso evolutivo vai além de apenas buscar a sobrevivência — é preciso ter uma boa aparência para passar seus genes para a próxima geração", explicou em um comunicado à imprensa Robert Smyth, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra.

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Fonte: Redação Byte
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