A operação Upgrade, da Polícia Federal, prendeu mais de 20 membros de uma organização criminosa que usa dispositivos eletrônicos para acessar dados pessoais de segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O nome Upgrade faz referência à evolução das investigações, sendo um desdobramento das Operações Chupa-Cabra 1 e 2 e Backup, que aconteceram em Teresina e em São Paulo.
Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Federal de Teresina, no Piauí, mas foram cumpridos em São Paulo, Ceará, Distrito Federal e Rio de Janeiro na última semana.
Na investigação, foram descobertos dispositivos clandestinos, conhecidos como chupa-cabra, que tinham sido instalados em duas agências do INSS, na capital piauiense, para furtar os dados pessoais dos segurados.
Uma empresa de fachada em São Paulo era utilizada como base para praticar os crimes. Segundo a polícia, benefícios cessados eram reativados e os recursos retrativos desviados para outras contas diferentes da dos beneficiários.
O INSS apontou que esses crimes podem ter causado danos milionários ao Tesouro.
Os acusados devem responder pelos crimes de organização criminosa, furto eletrônico, invasão de dispositivo informático e lavagem de bens e valores. Somadas as penas, eles podem ser condenados a 30 anos de prisão.
A ação dos hackers
Em entrevista ao portal UOL, o delegado da Polícia Federal (PF) Eduardo Monteiro explicou como funcionavam os ataques cibernéticos que causou dano milionário.
O delegado da PF contou que os "chupa-cabra" são aparelhos com aparência de roteadores. Quando acoplados a um computador do INSS, eles eram capazes de enviar os dados trafegados na rede interna para os hackers.
A PF identificou as ações da quadrilha em pelo menos duas agências da Previdência Social na capital Teresina.
"A partir deste centro [em São Paulo], eles procuravam pessoas em outros estados pelo Brasil para facilitar o acesso às agências. Além disso, tudo indica que o grupo trabalhava em parceria com outros grupos criminosos", disse o delegado ao UOL.
Monteiro recomenda que segurados que foram titulares de benefícios já cessados procurem a Previdência Social para se informar sobre alguma possível reativação de valores retroativos.
"Alguns segurados que se encontram nessa situação identificaram essa irregularidade ao declarar seu imposto de renda, pois constava o recebimento desses valores retroativos", disse o delegado da PF em entrevista.