Um especialista em infecções alertou, há alguns dias, para um possível descontrole no contágio da esporotricose, uma micose causada pelo fungo Sporothrix brasiliensis, transmitido por gatos, e que provoca lesões severas na pele.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o infectologista Flávio Telles, coordenador do Comitê de Micologia da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor do Departamento de Saúde Coletiva da UFPR (Universidade Federal do Paraná), foi o responsável pelo alerta.
O Sporothrix brasiliensis tem esse nome por ter sido descoberto no Brasil (leia mais abaixo) e corresponderia a 90% dos casos dos últimos tempos. Na cidade de São Paulo, o aumento de casos foi de 40% de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período em 2022. Ele costuma resistir aos antifúngicos mais comuns.
Mas Teller também aponta outro fungo similar a ser observado: o Sporothrix schenckii, encontrado em plantas, palhas e fibras. Normalmente agricultores e trabalhadores rurais são as maiores vítimas. No entanto, esta zoonose está diminuindo no país.
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O fungo da esporotricose foi descberto em meados dos anos 1990, infectando pessoas pelas ruas do Rio de Janeiro. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 178 casos surgiram no estado entre 1998 e 2001.
Com o tempo, espalhou-se para outros estados e até países, como Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia e Panamá. Houve casos até no Reino Unido e nos Estados Unidos. No toral, mais de 12 mil ocorrências surgiram no mundo.
O fungo teria se adaptado aos gatos antes de chegar os humanos. Dos 178 infectados de primeira viagem, 156 tinham algum contato com felinos em casa ou no trabalho. Além disso, 97 das vítimas humanas levaram alguma mordida.
Já os gatos obtêm o patógeno mordendo e arranhando outros gatos e animais diversos na luta por territórios. No entanto, resalta-se que são apenas hospedeiros; a origem do fungo são solo e plantas.
