A Shein está movendo ações judiciais em busca de responsabilizar envolvidos no "golpe da Shein", esquema que usava o nome da marca para aplicar fraudes divulgadas por influenciadores no Instagram. Uma apuração do Byte constatou que dois processos estão tramitando no Fórum João Mendes Júnior, do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Na primeira ação, que se desenvolve desde o início de abril, a advogada Camilla Jimene, CEO do escritório de advocacia Opice Blum, está representando a In Glow Brasil Intermediação de Negócios (Shein Brasil) e Roadget Business, responsáveis pelo marketplace utilizado pela marca no país.
"Diversos influenciadores digitais têm divulgado em suas redes sociais, sem autorização das autoras, sites que se utilizam, também sem sua autorização, o nome e marcas da Shein para a provável prática de phishing contra consumidores e usuários em geral", diz o processo.
Elas pedem que a empresa de hospedagem Godaddy Servicos Online do Brasil ceda informações sobre os proprietários de domínios utilizados na cadeia da fraude, sendo eles:
- segredodinheiro.fun/shein/;
- moneyshein.store/;
- curtindofotos.online/money-looks-oficial/.
Uma publicação no Diário de Justiça do Estado de São Paulo indica que o juiz encarregado do caso decidiu favoravelmente à Shein e estipulou uma multa diária de R$ 2.000 por dia, com teto de R$ 2 milhões à Godaddy enquanto a empresa não oferecer os dados.
Entramos em contato com a advogada Patrícia Helena Marta Martins para obter mais detalhes sobre o status da punição mas, até o fechamento desta reportagem, não obtivemos resposta.
A segunda ação é mais ampla. As mesmas empresas, representadas pela mesma advogada, agora pedem:
- Eveo S.A. deverá fornecer, com relação à URL https://segredodinheiro.fun/shein/, a totalidade dos dados de cadastro disponíveis;
- Ferenz Networks Serviços de Internet deverá fornecer dados com relação à URL http://triallooks.com/ig;
- Amazon AWS Serviços Brasil deverá bloquear a hospedagem do site "https://www.evermart.com.br/curso/money-looks" e fornecer a totalidade dos dados de cadastro disponíveis;
- Hostinger Brasil Hospedagem de Sites deverá bloquear o domínio "https://sheindomilhao.shop/página-de-vendas-47/" e fornecer a totalidade dos dados de cadastro disponíveis;
- GoDaddy Serviços Online do Brasil Ltda. deverá bloquear o domínio "https://curtindofotos.online/money-looks-oficial/" e fornecer a totalidade dos dados de cadastro disponíveis;
- HostGator Brasil deverá bloquear a hospedagem do site "https://curtindofotos.online/money-looks-oficial/" e fornecer a totalidade dos dados de cadastro disponíveis;
- Perfect Pay Tecnologia, Serviços e Intermediações Ltda. deverá fornecer, com relação à URL "https://perfectpay.com.br/pay/PPU38CLSECD?ref=PPA10JF5", a totalidade dos dados de cadastro disponíveis.
Os processos correm em segredo de justiça.
O Byte entrou em contato com os advogados citados Anderson Piaseski, Valdir Antonio Ieisbick, Rafael Bicca Machado, Guilherme Kaschny Bastian, para colher posicionamentos e saber mais sobre o andamento do processo, mas, até o fechamento desta reportagem, também não recebeu resposta.
A Perfect Pay afirou que "permanece atuando no mercado em total observância à legislação. Prestando informações sempre que requeridas pelo judiciário".
A Assis e Mendes Sociedade de Advogados confirmou que está envolvida no processo, mas disse que não comentará o caso e a advogada Camilla do Vale Jimene não quis se pronunciar sobre o assunto.
Relembre o golpe
No início de abril, alguns influenciadores com milhões de seguidores divulgaram esquemas alegando uma suposta falência da marca Shein. Por conta dos problemas financeiros, a gigante das roupas estaria remunerando pessoas comuns para avaliarem vestimentas em um aplicativo — o que não é verdade.
Vídeos dos famosos mostrando o suposto método lucrativo a seus seguidores circularam por toda a internet. Pouco tempo depois, descobriu-se que tudo era parte de um grande esquema fraudulento.
O aplicativo de avaliar roupas não existia e, na verdade, os criadores divulgavam links de sites que induziam o usuário a pagar uma taxa, que daria direito ao uso da plataforma de avaliações de roupas. Quem tentou se cadastrar também foi obrigado a fornecer seus dados bancários.
Uma onda de denúncias de pessoas que perderam dinheiro e não conseguiram acesso ao aplicativo chegou a plataformas como o Reclame Aqui, e o caso viralizou na web.