Grupo chinês pede análise de segurança sobre produtos Intel vendidos na China

16 out 2024 - 10h56

Os produtos Intel vendidos na China devem ter a segurança analisada, disse a Associação de Segurança Cibernética da China (CSAC) nesta quarta-feira, alegando que a fabricante norte-americana de chips tem "constantemente prejudicado" a segurança nacional e os interesses do país.

Embora a CSAC seja um grupo do setor e não um órgão governamental, ela tem laços estreitos com o Estado chinês e a série de acusações contra a Intel, publicada em um longo texto em sua conta oficial no WeChat, pode desencadear uma ação do poderoso órgão regulador da internet no país, a Administração do Ciberespaço da China (CAC).

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"Recomenda-se que seja iniciada uma revisão de segurança nos produtos que a Intel vende na China, de modo a salvaguardar efetivamente a segurança nacional da China e os direitos e interesses legítimos dos consumidores chineses", disse a CSAC.

No ano passado, a CAC proibiu as operadoras domésticas de infraestruturas importantes de comprarem produtos fabricados pela Micron Technology, fabricante de chips de memória dos EUA,, depois de considerar que os produtos da empresa não haviam passado em sua análise de segurança.

Uma análise de segurança semelhante nos produtos da Intel pode afetar negativamente as receitas da empresa, das quais mais de um quarto veio da China no ano passado.

BACKDOOR

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As alegações surgem em um momento em que a China está lidando com um esforço liderado pelos EUA para restringir o acesso de empresas do país a equipamentos e componentes importantes para fabricação de chips.

"As relações entre os EUA e a China são frágeis e quanto mais se fala em restrições ao comércio e tarifas, mais provável é que o outro lado retalie", disse Dan Coatsworth, analista de investimentos da AJ Bell.

Em sua publicação, a CSAC acusa os chips da Intel, incluindo os processadores Xeon usados para tarefas de inteligência artificial, de apresentarem várias vulnerabilidades, concluindo que a Intel "tem grandes defeitos no que diz respeito à qualidade do produto e ao gerenciamento da segurança, indicando uma atitude extremamente irresponsável em relação aos clientes".

O grupo afirma ainda que os sistemas operacionais incorporados em todos os processadores Intel são vulneráveis a "backdoors" criados pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA).

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"Isso representa uma grande ameaça à segurança das infraestruturas de informações críticas de países de todo o mundo, incluindo a China... o uso de produtos Intel representa um sério risco à segurança nacional", afirmou a CSAC.

Uma proibição, mesmo que temporária, dos produtos da Intel poderia restringir ainda mais o fornecimento de chips de IA no mercado chinês, que tem se esforçado para encontrar alternativas viáveis aos produtos de ponta da Nvidia que dominam globalmente, mas agora estão com exportações proibidas para a China.

Este ano, a Intel garantiu pedidos de seus processadores Xeon de várias agências estatais chinesas para uso em trabalhos de IA, de acordo com uma análise da Reuters sobre licitações públicas.

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