Haumea: Nasa estuda origem de planeta anão oval

Pesquisadores utilizaram modelos de computador para analisar as características de Haumea, que se encontra no Cinturão de Kuiper

31 out 2022 - 15h16
(atualizado em 1/11/2022 às 15h31)
Planeta anão Haumea
Planeta anão Haumea
Foto: Nasa

Com simulações de computador, uma equipe de pesquisadores da Nasa tentou reescrever a história de como o planeta anão Haumea, descoberto em 2003 e localizado no Cinturão de Kuiper, se tornou um dos objetos mais incomuns do Sistema Solar. Os resultados das análises foram compartilhados na revista científica Planetary Science Journal

Ainda existe um grande debate na ciência sobre se Plutão deveria ser um planeta ou não. Algumas características como tamanho, ou o fato de não ser capaz de conduzir a sua própria órbita, o tiraram da classificação. No entanto, Haumea, o planeta considerado “estranho”, apesar de pequeno, tem aspectos únicos.

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“Explicar o que aconteceu com Haumea nos obriga a colocar limites de tempo em todas essas coisas que aconteceram quando o Sistema Solar estava se formando, então ele começa a conectar tudo em todo o sistema, disse em um comunicado Steve Desch, professor de astrofísica da Arizona State University em Tempe.

Como Haumea está longe, não há muitos dados concretos sobre ele. Uma sonda nunca o visitou e ele é muito pequeno e distante para ser medido de forma adequada por um telescópio na Terra. 

Dessa forma, pesquisadores interessados nele se voltaram para uma ferramenta favorita da maioria dos astrofísicos – modelos de computador. E, com essas precisões, conseguiram descobrir algumas coisas bizarras sobre Haumea. 

Características peculiares

Com a ajuda dos modelos de computador, cientistas conseguiram. em teoria, separar Haumea e construí-lo do zero para entender os processos químicos e físicos que o moldaram. 

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Algumas características já eram conhecidas, como rapidez com que gira – um dia dura apenas quatro horas em sua superfície, muito mais curto do que o dia de qualquer objeto de tamanho semelhante no Sistema Solar — o planeta é alongado, parecendo um pouco com uma bola de futebol americano, em vez da forma esférica que a maioria dos corpos de seu tamanho assume. O planeta leva 285 anos terrestres para fazer uma volta ao redor do Sol.

O planeta é formado principalmente de um tipo de gelo de água, ao contrário da maioria dos outros corpos do Cinturão de Kuiper. De acordo com as descobertas, essa superfície de água gelada é compartilhada por alguns irmãos de Haumea, que também parecem ter a mesma órbita do planeta anão.

Isso levou os cientistas a concluir que Haumea e esses corpos gelados compartilham a mesma origem e que formam a única 'família' de objetos relacionados encontrados no Cinturão de Kuiper — a 'família Haumeana'. 

ilustração do sistema solar primitivo, de quando planetas e outros objetos começaram a se formar
Foto: Nasa

Família Haumeana

Para entender a formação da família, as projeções de computador indicaram que o “bebê Haumea” teria de ser 3% mais massivo para explicar “os membros da família” que uma vez fizeram parte dele. Os cientistas assumiram que Haumea provavelmente tinha uma taxa de rotação diferente e era maior em volume. 

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Presumindo isso, a equipe alterou levemente um desses recursos de cada vez em seus modelos – como ajustar o tamanho de Haumea para cima ou para baixo – e executaram dezenas de simulações para ver como pequenas mudanças em seus primeiros anos influenciaram a evolução do planeta.

Quando as simulações produziram resultados que se assemelhavam ao Haumea de hoje, os cientistas acreditaram ter chegado a uma história que correspondia à realidade. Com base em sua modelagem, Jessica Noviello, cientista do Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, Maryland, e seus colegas levantam a hipótese de que quando os planetas estavam se formando e tudo estava girando ao redor do Sistema Solar, Haumea colidiu com outro objeto. 

Ainda que esse possível impacto tenha derrubado pedaços, a pesquisa sugere que esses pedaços não são da família Haumeana que vemos hoje, como outros cientistas propuseram. 

Um impacto tão poderoso, dizem eles, teria derrubado pedaços de Haumea em órbitas muito mais dispersas do que os membros da família.

Em vez disso, a “família Haumeana” conhecida pela ciência veio mais tarde, sugere a pesquisa — quando a estrutura do planeta anão estava tomando forma: material denso e rochoso estava se estabelecendo no centro enquanto o gelo de densidade mais leve estava subindo para a superfície, explicaram os pesquisadores.

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Segundo Desch, “quando se concentra toda a massa em direção o eixo, diminui o momento de inércia (propriedade de todo e qualquer corpo que faz com que ele permaneça parado), então Haumea acabou girando ainda mais rápido do que hoje”.

Velocidade suficiente para que o gelo fosse lançado da superfície formando a família Haumeana, escreveram. Enquanto isso, as rochas de Haumea, que, como todas as rochas, são levemente radioativas, geraram calor que derreteu um pouco de gelo, criando um oceano abaixo da superfície, explicou o coautor do artigo Marc Neveu, pesquisador da Nasa Goddard. 

Segundo ele, a água embebeu o material rochoso no centro de Haumea e o fez inchar em um grande núcleo feito de argila, que é menos denso que a rocha. Então, os pesquisadores concluíram que o núcleo maior aumentou o momento de inércia e, assim, diminuiu a rotação de Haumea para sua taxa atual (de quatro horas).

Fonte: Redação Byte
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