A professora Natalia Trayanova da Universidade Johns Hopkins criou um modelo de inteligência artificial para prever a morte súbita cardíaca (MSC) até 10 anos antes da sua ocorrência, permitindo que as pessoas e médicos façam decisões informadas para tratamento precoce.
O jogador de futebol dinamarquês Christian Eriksen teve uma parada cardíaca súbita durante uma partida da Eurocopa, em 2021. Ele sobreviveu, porém a taxa de sobrevivência da morte súbita cardíaca (MSC) chega a algo próximo de 10%.
Essa situação levantou questionamentos sobre a natureza da MSC, que difere de um ataque cardíaco por ser um problema elétrico do coração e um bloqueio das artérias.
A professora Natalia Trayanova, da Universidade Johns Hopkins, criou um modelo de inteligência artificial para colaborar na investigação de ocorrências como essa.
Publicado em um artigo da Nature Cardiovascular Research, o modelo de IA de Trayanova pode identificar sinais da MSC até 10 anos antes do seu aparecimento.
Isso significa que há uma possibilidade de tratamento preventivo adequado, o que leva a uma melhora na qualidade de vida dos pacientes e muda completamente a abordagem médica em relação a essa condição.
Outro ponto importante é que o IA, nesse caso, não é para causar desespero ou um cenário fatalista para pacientes, mas sim levar o tratamento junto com o contexto da doença e como ela pode evoluir. O papel do médico é guiar os pacientes com base em dados precisos e seguros, priorizando a qualidade de vida.
Utilizar essa abordagem poupa pacientes de procedimentos invasivos, além do sofrimento prolongado. Ela também resulta em uma alocação de recursos mais eficiente e direcionada na área da saúde.
Evitando fatalidades
A equipe de Trayanova continua aprimorando algoritmos para detectar outras condições cardíacas com o modelo de IA.
Na pesquisa, foram analisados os dados médicos e exames de 156 pacientes ao longo de uma década pela IA. O resultado dessa análise foi a descoberta de padrões ocultos que escapariam à detecção humana.
Por exemplo, a IA mostra como o tecido cicatricial e outros fatores do coração podem indicar predisposição à MSC. Isso permite uma estimativa do risco de MSC ao longo de 10 anos.
Assim, os médicos e pacientes conseguem tomar decisões mais informadas sobre tratamentos, como a implantação de desfibriladores ou mudanças no estilo de vida.
Como foi o caso de Christian Eriksen, o jogador que passou mal no jogo, que precisou colocar um desfibrilador implantado, similar a um marcapasso, que é um tratamento padrão para a doença.