Implante minúsculo estimula o corpo a produzir remédios contra câncer

Do tamanho da cabeça de um alfinete, microesferas estimulam o próprio organismo a produzir medicamentos oncológicos. Elas são inseridas próximas ao tumor

12 set 2022 - 17h03
(atualizado às 19h06)

Em busca de novas alternativas para tratar o câncer, pesquisadores norte-americanos desenvolveram uma técnica em que o próprio organismo do paciente produz os remédios necessários, através de um implante. Em roedores, a estratégia permitiu a remissão de um tipo de câncer raro e grave nos pulmões.

Publicado na revista científica Clinical Cancer Research, o estudo com o implante que pode curar o câncer em animais foi liderado por pesquisadores da Rice University e do Baylor College of Medicine, ambos nos Estados Unidos. A técnica foi desenvolvida pelo bioengenheiro Omid Veiseh.

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Foto: Juliacherk/Envato / Canaltech

Implante que estimula fabricação de medicamentos?

No estudo, o implante usado é do tamanho de uma cabeça de alfinete — 1,5 milímetros de largura —, com formato esférico e coloração branca, feito de um tipo de alginato. No organismo do animal, é implantado em regiões próximas aos tumores, onde ele estimula a produção de doses contínuas de interleucina-2 (IL-2). Este é um composto natural, um tipo de citocina que ativa os glóbulos brancos e, dessa forma, ajuda o corpo a combater o próprio tumor.

Estudo contra o câncer em animais

No estudo, os pesquisadores testaram a eficácia do implante contra um mesotelioma, ou seja, um tipo de câncer que ocorre nos revestimentos de tecido que circundam e protegem os órgãos internos. Neste caso, os tumores estavam localizados no pulmão.

"É muito difícil tratar mesotelioma em camundongos, bem como em seres humanos", explica Bryan Burt, médico e um dos autores do estudo, em comunicado. "Na verdade, não vi esses mesoteliomas em camundongos serem erradicados, com tanta eficácia, como neste modelo de camundongo", acrescenta.

Após revisar os dados, os pesquisadores descobriram que os implantes geraram remissão do quadro em mais de 50% dos animais tratados. Quando o implante foi usado em conjunto com um inibidor de controle imunológico, os tumores foram completamente destruídos nos roedores que passaram pelo tratamento combinado.

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Implante funciona em humanos?

Em paralelo ao sucesso do tratamento de câncer no pulmão de roedores, estudos clínicos (em humanos) devem ser iniciados até novembro nos EUA. A agência Food and Drug Administration (FDA) já autorizou o teste em mulheres com um tipo raro de câncer de ovário e, agora, os pesquisadores se organizam para o início dos trabalhos.

A seguir, confira um vídeo, em inglês, onde os pesquisadores explicam como funciona a nova estratégia de tratamento com o câncer e mostram o minúsculo implante a partir do minuto 3:48:

Fonte: Clinical Cancer Research e Rice University  

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