Impressão 3D de pele humana pode ser o fim de testes em animais

O body-on-a-chip (BoC) já é testado em outros países por empresas de cosméticos e farmacêuticas para avaliar a toxicidade de seus produtos

5 fev 2024 - 11h07
Tecido de fígado reconstruído manualmente
Tecido de fígado reconstruído manualmente
Foto: Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP

Uma técnica de impressão 3D — desenvolvida na Alemanha — pode se tornar uma alternativa para acabar com o teste realizado em animais nos laboratórios. O dispositivo, chamado de human-on-a-chip ou body-on-a-chip (BoC), já é testado em outros países por empresas de cosméticos e farmacêuticas para avaliar a toxicidade de seus produtos em desenvolvimento.

A técnica — que está ganhando espaço também no Brasil — é capaz de reconstituir tecidos artificiais em impressão 3D como uma alternativa à testagem de produtos em animais, prática extremamente discutida por questões de ética. 

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Em publicação da revista Pesquisa Fapesp, cita-se que aparelho parece uma fita cassete usada em gravadores antigos. A diferença é que, em vez de dois buracos, pode ter três ou quatro.

Cada um deles guarda tecidos humanos reconstruídos – pele, intestino e fígado. Um líquido com nutrientes e oxigênio que circula entre os orifícios simula a corrente sanguínea e faz cada tecido funcionar como miniórgãos ligados entre si.

“Aplicamos o ingrediente que queremos testar sobre a pele reconstituída e avaliamos sua toxicidade, simulando o funcionamento do corpo humano”, explica à revista Pesquisa Fapesp a bióloga Juliana Lago, pesquisadora da área de avaliação pré-clínica da Natura, fabricante de cosméticos que adotou essa tecnologia no primeiro semestre de 2023.

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Importado de uma empresa alemã, o BoC se soma a outras técnicas usadas desde 2006 para substituir os testes de segurança e eficácia de produtos de beleza, higiene pessoal e perfumes com cobaias animais, proibidos em março de 2023 pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

PL proíbe a importação de cosméticos, cigarros e produtos similares fabricados por empresas que utilizem animais para experimentos ou testes em seus produtos.
Foto: Jair Aceituno/Estadão / Estadão

Além de indicar eventuais danos causados por agentes externos, os tecidos que preenchem as cavidades do chip reproduzem algumas funções dos próprios órgãos.

“O minifígado produz bile [líquido amarelo-esverdeado que facilita a absorção de gorduras e vitaminas] e realiza todos os processos de desintoxicação, enquanto os dois tipos de células do intestino formam uma barreira com epitélio [camada externa] e liberação de muco [líquido gelatinoso branco ou amarelado que facilita a eliminação das fezes]”, descreve a bióloga Ana Carolina Figueira, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), de Campinas.

Ela coordenou o projeto de uso integrado do chip com os outros tecidos, em colaboração com a Natura.

Fonte: Redação Byte
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