O Brasil será o país mais beneficiado na América Latina, em termos econômicos, pela implementação da tecnologia 5G. A perspectiva é de que o País, entre 2021 e 2035, tenha acréscimo de US$ 1,2 trilhão em seu Produto Interno Bruto (PIB) apenas com atividades impulsionadas pela nova geração de rede móvel, que tem velocidade mais rápida de transferência de dados e possui menor tempo de resposta do que seu antecessor, o 4G.
Essa perspectiva econômica para o PIB brasileiro foi medida e analisada no estudo "Why 5G in Latin America?" ("Por que 5G na América Latina?", em uma tradução livre), realizado pela empresa de telecomunicações Nokia e a consultoria Omdia, publicado na última quinta-feira (27/08). A previsão foi calculada por meio de modelos matemáticos do Bell Labs, subsidiária da companhia finlandesa, que tem como foco a pesquisa e o desenvolvimento científico.
Dentre os outros países da América Latina que foram contemplados pelo estudo - Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru -, nenhum outro além do Brasil chegou ao patamar de US$ 1 trilhão no impacto previsto na atividade econômica entre 2021 e 2035 provocado pela tecnologia 5G.
A nação que aparece em segundo lugar com melhores perspectivas econômicas a partir da implementação da nova geração de rede móvel é o México, que recebeu uma estimativa de acréscimo de US$ 730 bilhões em seu PIB nos próximos 15 anos, uma diferença de US$ 470 bilhões em comparação com o Brasil. "O nosso país apresenta os maiores ganhos e maiores benefícios da implementação do 5G na América Latina", afirma o gerente sênior da Omdia, Ari Lopes.
Entre as áreas econômicas que serão mais beneficiadas pela implementação do 5G no País, o estudo elenca seis, medindo o tamanho do impacto de 2021 até 2035: Tecnologia de Informação e Comunicações (US$ 241 bilhões); Governo (US$ 189 bilhões), Manufatura (US$ 181 bilhões), Serviços (US$ 152 bilhões), Varejo (US$ 88 bilhões) e Agricultura (US$ 76 bilhões).
O chefe de soluções para América Latina da Nokia, Wilson Cardoso, chama atenção para o fato de que quanto mais o Brasil demorar para implementar a nova geração de redes móveis em seu território, menor será o impacto real no PIB. "Decisões de negócios e parcerias econômicas, no futuro, serão feitas com base em se um determinado país tem ou não a rede 5G", afirma. "Isso será um fator fundamental no crescimento de produtividade."
A implementação da tecnologia 5G no Brasil ainda está em fase inicial. Apesar da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já ter definido as frequências em que a nova rede de dados móvel funcionará - 700 MHz, 2,3GHz, 3,5GHz e 26GHz - , o leilão para licitação dessas faixas ainda não ocorreu. Antes marcado para este ano, agora as concessões devem ser definidas em 2021, por conta da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2).