O historiador Yuval Noah Harari afirmou que estamos à beira de uma nova religião criada pela inteligência artificial. Para o autor do best-seller "Sapiens", que analisa a história desde o surgimento do homo sapiens, softwares como o ChatGPT poderiam atrair adoradores ao escrever textos sagrados de autoria própria.
Durante uma conferência, ele destacou que a IA ultrapassou uma nova fronteira até então conhecidas ao dominar a linguagem humana. O próximo passo, afirmou, seria usar a tecnologia para moldar a cultura, algo plenamente possível. O especialista crê que uma regulação no setor é urgente e que o cenário é "perigoso".
"As empresas farmacêuticas não podem vender novos medicamentos sem submeter esses produtos a rigorosas verificações de segurança", disse. "Os governos devem proibir imediatamente a liberação de quaisquer ferramentas de IA revolucionárias no domínio público antes que sejam tornadas seguras".
Segundo ele, as máquinas têm ferramentas para "nos envolver em um mundo de ilusões semelhante a Matrix", referindo-se ao filme de ficção científica de 1999, no qual um homem luta contra uma realidade virtual opressiva.
"Agora, a IA provavelmente poderá fazer isso. E uma vez que puder... não precisa enviar robôs assassinos para nos atirar. Pode fazer com que os seres humanos apertem o gatilho", diz.
O historiador afirmou que a IA poderá criar seitas e religiões cujos textos sagrados serão escritos por uma inteligência não humana, o que trará consequências graves e de longo alcance.
IA vai forçar o surgimento de uma classe de inúteis em 2050
O afirmação se insere no extenso debate sobre limites das novas tecnologias que usam inteligência artificial. Recentemente, Harari afirmou que até o ano de 2050, uma nova categoria de pessoas irá aparecer graças à IA - a dos inúteis.
Ele define essa nova classe como "pessoas que não serão apenas desempregadas, mas que não serão empregáveis".
O desenvolvimento da inteligência artificial terá papel fundamental nessa previsão, segundo o escritor. A tecnologia vai forçar o nascimento de novas profissões, mas o problema é que nem todos vão conseguir se reinventar e encontrar um espaço na nova ordem das coisas.
Com isso, se tornarão profissionais que não conseguem se reinserir no mercado de trabalho, pois a tecnologia vai mudar a forma como tudo é produzido, gerenciado e distribuído.