A presidente Dilma Rousseff aproveitou o dia seguinte à conferência global de governança da internet, NetMundial, para reiterar a posição do governo brasileiro contrária a prática de espionagem cibernética. Para ela, “tais fatos são inaceitáveis pois atentam contra a própria natureza da internet, democrática, livre e plural”. Revelações de que os Estados Unidos haviam espionado cidadãos, empresas e autoridades brasileiras azedaram a relação com o Brasil, que acelerou a tramitação do Marco Civil da internet.
“Acreditamos que nenhum país tem o direito, sob quaisquer alegações, de espionar pessoas, empresas e outros países”, afirmou Dilma, em resposta a um internauta na página do Palácio do Planalto no Facebook. Ela fez uma referência discreta ao argumento dos Estados Unidos de que a guerra ao terror requer ações de monitoramento mais amplas pelo mundo.
“Os direitos que as pessoas têm offline devem também ser protegidos online. A NetMundial, que ocorre agora em São Paulo, vem impulsionar esse esforço e mostra como o mundo quer, defende e luta por mudanças na situação vigente e pelo fortalecimento da liberdade de expressão e da privacidade na internet”, afirmou em outro momento.
Dilma dedicou parte da manhã desta quinta-feira para responder a perguntas ligadas ao Marco Civil da internet, sancionado ainda ontem por ela, durante a conferência em São Paulo.
“O caráter multissetorial da internet assegura que empresas, a academia, sociedade civil e governos tenham responsabilidades comuns mesmo que em papéis diferenciados. É importante que não haja nenhum governo se sobrepondo aos demais”, declarou.