O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, criticou nesta sexta-feira em entrevista à rede de televisão americana CBS News os casos de "espionagem em massa" dos Estados Unidos revelados pela imprensa local. Assange, asilado atualmente na embaixada equatoriana em Londres para evitar sua extradição à Suécia por uma acusação de estupro, disse que "as pessoas têm o direito de entender o que o governo faz em seu nome".
O fundador da organização responsável pelo maior vazamento de documentos sigilosos da história dos EUA opinou que não é necessário conhecer "todos os aspectos, cada detalhe" dos programas de espionagem, mas sim "suficientes parâmetros para saber o que está acontecendo". Os jornais The Washington Post e The Guardian revelaram na quinta-feira que a NSA (agência de segurança nacional) e o FBI (polícia federal) recebiam constantemente dados de Microsoft, Yahoo!, Google, Facebook, PalTalk, AOL, Skype, YouTube e Apple para controlar comunicações no exterior de suspeitos de terrorismo, em um programa chamado PRISM.
Além disso, o The Guardian revelou que as duas agências têm também acesso a dados de ligações dentro dos EUA da operadora de telefonia Verizon, o que também ocorre com outras duas companhias de telecomunicações, AT&T e Spring, de acordo com o jornal The Wall Street Journal.
"De nenhuma maneira a opinião pública americana ou internacional estava a par, em detalhes, destes programas maciços de espionagem", afirmou Assange à CBS News.
Bradley Manning
O fundador do WikiLeaks disse que possivelmente a fonte que vazou a informação ao The Guardian e ao Washington Post sobre os programas de espionagem de registros telefônicos e de comunicações na internet terá o mesmo destino do soldado Bradley Manning, que está sendo julgado por revelar centenas de milhares de documentos sigilosos ao portal de Assange. Manning pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado de "ajuda ao inimigo".
Assange disse na entrevista que sente "preocupação" pela possibilidade de que Manning seja condenado "a uma morte em vida" e negou que sob nenhum conceito os vazamentos do soldado ao WikiLeaks tenham colocado em risco a vida de americanos. "Nem mesmo o Pentágono disse que uma só pessoa tenha sido atacada fisicamente como resultado das publicações", afirmou.