Responsável por vazamento sobre espionagem recebe apoio popular nos EUA

10 jun 2013 - 19h46
(atualizado às 20h09)
Edward Snowden se refugiou em Hong Kong para tentar evitar ser processados nos EUA
Edward Snowden se refugiou em Hong Kong para tentar evitar ser processados nos EUA
Foto: Reuters

A pressão cidadã em favor do perdão a Edward Snowden, responsável pelo vazamento sobre a vigilância secreta das comunicações telefônicas e digitais de milhões de usuários realizada pelo governo dos Estados Unidos, aumentou nesta segunda-feira, enquanto o jovem continua em paradeiro desconhecido.

Mais de 19 mil pessoas assinaram nas últimas 24 horas um pedido para que o presidente Barack Obama perdoe Snowden, o ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA) que deu a dois jornais, o britânico The Guardian e o americano The Washington Post, informação secreta sobre os programas de espionagem.

Publicidade

Por sua vez, Snowden deixou o hotel Mira, de Hong Kong, onde se hospedava, segundo revelou uma recepcionista citada pelo "The Washington Post", e seu paradeiro é desconhecido.

O Departamento de Justiça abriu uma investigação sobre o jovem, de 29 anos, e, caso seja indiciado, poderia reivindicar sua extradição a Hong Kong, já que existe um tratado bilateral a esse respeito em vigor.

"Edward Snowden é um herói nacional e deveria ser emitido imediatamente um perdão pleno e absoluto por qualquer delito que tenha cometido ou possa ter cometido ao divulgar os programas secretos de vigilância", indica o pedido postado no domingo na seção de petições públicas do site da Casa Branca.

Esse site publica os pedidos que, em exercício de seu direito constitucional, indivíduos e grupos fazem ao governo; e o referente a Snowden recebeu mais de 19 mil assinaturas em apenas 24 horas.

Publicidade

Por outro lado, um pedido postado no dia 3 de junho para que seja libertado o soldado Bradley Manning, principal fornecedor de documentos classificados e segredos do governo dos EUA ao portal Wikileaks, reuniu apenas 1.081 assinaturas.

Snowden revelou voluntariamente que ele é a fonte utilizada pelo "The Guardian" e pelo "The Washington Post", que divulgaram a existência de dois programas que permitem consultar diariamente registros de chamadas nacionais nos EUA e extrair informação de servidores de gigantes da internet para espionar estrangeiros suspeitos de terrorismo.

Em uma entrevista ao "The Washington Post", o jovem revelou neste domingo que tem a intenção de pedir asilo "a qualquer país que acredite na liberdade de expressão e se oponha a que a privacidade global seja a vítima".

Hoje a Iniciativa Islandesa para a Modernização dos Meios de Comunicação (IMMI) se ofereceu a assessorar Snowden em um hipotético pedido de asilo político.

Publicidade

"Estamos tentando nos comunicar com o senhor Snowden para confirmar que essa é sua vontade e discutir os detalhes de seu pedido de asilo. Nosso seguinte passo seria avaliar as implicações de segurança do asilo", assinalou a IMMI, cuja missão é dar refúgio a quem defende a liberdade de informação e expressão.

Por sua parte, a Casa Branca evitou pronunciar-se sobre a investigação sobre Snowden.

"Não posso falar especificamente sobre este indivíduo ou da investigação (...) nem caracterizarei os pontos de vista do presidente", insistiu em sua entrevista coletiva diária o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Tampouco Obama, que participou hoje de dois atos públicos na Casa Branca, fez menção ao assunto do vazamento sobre a espionagem.

Segundo Carney, o presidente está aberto a ter um debate público sobre a vigilância do governo e o "equilíbrio" entre segurança e privacidade.

De acordo com o diretor nacional de Inteligência, James Clapper, os vazamentos realizados por Snowden comprometem a luta antiterrorista do país.

Enquanto isso, Daniel Ellsberg, o analista militar que em 1971 vazou os chamados "Papéis do Pentágono" sobre a Guerra do Vietnã, se declarou "impressionado" pela atitude de Snowden, que, em sua opinião, prestou "um serviço incalculável" aos cidadãos.

Publicidade

Além disso, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, qualificou Snowden como um "herói" e, em uma entrevista à emissora britânica "Sky News", declarou que o jovem revelou "um dos eventos mais sérios da década".

Por sua vez, a ONU evitou pronunciar-se sobre um caso que lembra o Watergate e o mais recente do Wikileaks.

  
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se