Já somos capazes de evitar impactos de asteroides? Simulação da Nasa mostra que não

Exercício reuniu mais de 200 especialistas para simular plano de ação com chegada de um possível corpo rochoso de 70 km de diâmetro

10 nov 2022 - 16h33
Impacto de asteroide na cósta africana levanta novas questões sobre evento que extinguiu os dinossauros
Impacto de asteroide na cósta africana levanta novas questões sobre evento que extinguiu os dinossauros
Foto: acervo internet / Meio Bit

Um exercício de simulação da Nasa que buscou medir o quão bem-preparados estaríamos com a eventual chegada de um asteroide ao planeta Terra acabou com uma cidade fictícia dizimada e com a previsão de milhares de mortes. 

O teste, realizado pelo Gabinete de Coordenação de Defesa Planetária da Nasa, reuniu mais de 200 teóricos, cientistas e funcionários do governo de forma virtual e presencial na Universidade John Hopkins, em Washington, entre os dias 23 e 24 de fevereiro, e teve em seu relatório final a clara mensagem de que falharíamos em evitar uma tragédia frente uma ameaça espacial.

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Durante dias, os participantes tiveram que representar diferentes órgãos e colaborar entre si para resolver a problemática proposta pelo organizador do exercício: a chegada de um asteroide de 70 metros de diâmetro à Terra.

Os participantes receberam um curso relâmpago de ciência de asteroides e, depois disso, tinham que debater qual seria o melhor plano de ação para impedir a chegada da rocha ou, ao menos, diminuir seus impactos.

A simulação teve como resultado o asteroide entrando na atmosfera terrestre e explodindo 13 quilômetros acima da cidade de Winston-Salem, na Carolina do Norte, com a energia de 10 megatoneladas de TNT, o que destruiria toda a cidade e a área a seu redor.

A “boa” notícia, ao menos, é que os participantes não foram necessariamente incompetentes: o teste foi feito para ser o mais difícil o possível, praticamente sem chances de vitória.

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“Nós o projetamos justamente para articular as lacunas nas nossas capacidades”, afirma Emma Rainey, cientista que ajudou a criar o treinamento.

Segundo ele, os participantes não puderam fazer nada para evitar o impacto.

Treinamento contra possíveis 

O principal objetivo do treinamento era analisar como agências americanas e internacionais seriam capazes de cooperar entre si em uma situação de emergência como a chegada de uma rocha espacial. A má notícia é que o exercício mostrou que os EUA não possuem capacidade de frear asteroides pequenos e velozes, tendo ainda pouca capacidade de sequer identificá-los.

O treinamento também mostrou que a desinformação, constante durante toda a linha do tempo do teste, atrapalhou (e muito) a atuação das equipes responsáveis. 

Teste da NASA mostrou que não conseguiríamos desviar rota de asteroide
Foto: urikyo33 / Pixabay

“Quando propomos evacuação, ficamos sabendo que 20% da pessoas não sairiam da área por causa de notícias falsas ou por acreditare que o governo estava mentindo”, afirma August Vernon, diretor de gerenciamento de emergências dos condados de Winston-Salem/Forsyth. 

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“Então eu fico em dúvida, me perguntando se podemos esvaziar hospitais e prisões, quando temos todas essas pessoas que podem sair da área facilmente, mas se recusam.”

Ao final da simulação, participantes e organizadores concordaram que o que mais faltou para eles foi tempo. Para se ter uma noção, um plano levantado pelos participantes foi o desvio do asteroide. 

Mas, para isso ser possível, seriam necessárias ao menos 12 naves de impacto como a que foi utilizada na DART, recente missão da Nasa que mudou o curso do asteroide Dimorphos – plano que levou mais de cinco anos para sair do papel e atingir seu alvo.

“O asteroide destruiu Winton-Salem por causa da curta janela de tempo entre sua descoberta e o impacto. Aumentar essa janela é crucial”, diz Vernon.

Há sinais promissores de que, com tempo o suficiente, a humanidade poderia criar uma resposta efetiva. A missão DART, por exemplo, já mostrou que, quanto antes começarmos a agir, melhores podem ser as chances de não acabarmos no cenário previsto pelo modelo de treinamento.

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Fonte: Redação Byte
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