Livrem-se do papel, diz executiva da TV sueca para jornais

Eva Hamilton indicou que o papel já é coisa do passado para os periódicos

6 nov 2014 - 11h21
(atualizado às 11h29)
<p>Em resumo: "livrem-se do papel e comecem a escrever notícias locais, a CNN e a FOX não vêm até a sua cidade cobrir a prefeitura", disse Eva Hamilton</p>
Em resumo: "livrem-se do papel e comecem a escrever notícias locais, a CNN e a FOX não vêm até a sua cidade cobrir a prefeitura", disse Eva Hamilton
Foto: Henrique Medeiros / Terra

A presidente da Sverige Television (SVT), emissora de televisão pública da Suécia, Eva Hamilton, afirmou na última quarta-feira que os jornais devem largar o papel se desejam sobreviver a era digital. Em entrevista à imprensa logo após sua palestra no Ericsson Business Innovation Forum, na cidade de Estocolmo, Suécia, a executiva indicou que o papel já é coisa do passado.

“Livrem-se do papel. Hoje você tem tudo em tela muito mais fácil para ler e a sensação é bem melhor e mais cômoda”, disse Eva, que esteve recentemente no Brasil durante a cobertura da Copa do Mundo. “O maior inimigo dos jornais é o Google. A pessoa pode entrar na internet e ver a notícia atualizada. Em resumo: livrem-se do papel e comecem a escrever notícias locais, a CNN e a FOX não vem até a sua cidade cobrir a prefeitura”.

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Eva Hamilton atua como CEO da SVT desde 2006, desde então tem trabalhado para o canal ser mais que um serviço público na TV, e criou opções para a web, como o serviço SVT Play, que permite assistir a programação sueca em qualquer lugar.

Ela cita como exemplos, para criar o serviço do SVT sob demanda, a Netflix e o YouTube, em sua visão “fenômenos da internet”. “O segredo do Netflix é a personalização. A pessoa entra no site e com o tempo que vai acessando filmes e séries são indicadas para elas, de acordo com seu gosto”, afirmou Eva, que aponta uma única falha no sistema, a falta de acessos diários.

Eva ao lado de Niklas Rönnblom, executivo de pesquisas do Ericsson
Foto: Henrique Medeiros / Terra

“Netflix tem feito sucesso com séries como ‘Orange is the New Black’ e ‘House of Cards’. Mas os outros são velhos e as pessoas não entram o tempo todo. Então precisaria de algo diário, eu sugeriria um talk-show”, afirmou.

O sucesso do YouTube e do Netflix foi reforçado pela pesquisa de setembro da Ericsson sobre mídia e TV. O estudo feito com 23 mil pessoas de 23 países, apresentado pelo pesquisador Nikklas Rönnblon, mostra que no mundo, o serviço de streaming já se aproxima da TV, 75% para os serviços da web ante 77% para a TV comum.

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“Um dos efeitos da TV sob demanda é socializar o modo como está sendo vista. Mudando o modo com apenas uma tela da família. Agora são várias telas TV, tablet, smartphone e PC para toda a família”, afirma Rönnblon. Por outro lado, ele alerta que as pessoas não veem filmes por meio de pacote de dados, por ser muito caro.

Por fim, Eva Hamilton indica três conselhos para não ser engolido nas mídias tradicionais. “Tenha um sistema de busca para filmes e séries, internet aberta e livre - todo mundo é produtor, distribuidor e espectador de seu próprio conteúdo - e deve ser provedor de um espaço comum público”, disse a executiva sueca.

Ela ainda afirma que os 230 euros por habitante que recebe para manter a TV pública e o fato da Suécia ser um dos países mais conectados a rede de banda larga ajudam no desenvolvimento do canal.

“Eu devo investir, devo arriscar em novos conteúdos e novas mídias, pois sou paga pelo público. Somos pagos para fazer programas de ciência, história, entretenimento, ter correspondentes, investir no jornalismo. Sou jornalista há 30 anos. Se fosse um CEO com histórico comercial, provavelmente diria que estou perdendo dinheiro”, completa a executiva sueca, responsável por uma programação de 23 mil horas por ano.

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O jornalista viajou a convite da Ericsson. 

Fonte: Terra
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