Médica que sequenciou covid critica Ministério da Saúde: "não nos ouviram"

Tecnologia auxiliou processo de sequenciamento genético do coronavírus, que será essencial em futuras epidemias sobre a covid

14 nov 2022 - 15h50
(atualizado às 16h08)
Jaqueline Goes de Jesus explicou sobre sequenciamento genético e importância dele no monitoramento de epidemias
Jaqueline Goes de Jesus explicou sobre sequenciamento genético e importância dele no monitoramento de epidemias
Foto: Ivana Fontes / Terra Byte

Jaqueline Goes de Jesus, principal responsável pelo sequenciamento genético do vírus da covid-19 na América Latina, lamentou mais uma vez as atitudes do Ministério da Saúde durante os picos de casos no Brasil. A biomédica brasileira palestrou na sexta-feira (11) na Campus Party, maior festival de tecnologia, empreendedorismo e ciência do Brasil.

Ela recordou as reuniões com o Ministério da Saúde na época e recomendou que se fechassem os portos, para que outras mutações não entrassem no país. “Não nos ouviram”, disse. 

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Por conta do descaso do governo, mais de 100 introduções (mutações) internacionais de covid-19 chegaram no Brasil, segundo o estudo da equipe de Goes publicado na Science, uma das revistas científicas mais respeitadas do planeta.

Goes ressaltou que o preparo é a chave para responder rapidamente a surtos como o da covid, destacando que é preciso implementar metodologias flexíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e popularizar a ciência.

“Não nos ouviram”, disse Goes sobre reuniões que ela e sua equipe tiveram com o Ministério da Saúde na época do surto da covid-19
Foto: Terra Byte

A médica lembrou o quanto é importante seguirmos estudando a estrutura genética do vírus do covid, pois ela nos permite saber o acúmulo de mutações, e consequentemente, a taxa de transmissão. Essas informações são capazes de ajudar no monitoramento da epidemia.

“Utilizamos muitas tecnologias, desde o diagnostico de teste rápido — o PCR —, até técnicas mais rebuscadas de análise de dados como é o caso de banco de dados e bioinformática, que é onde a ‘mágica’ acontece”, afirmou Goes. 

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Na Campus Party, Goes relembrou sua carreira de luta contra doenças como a Zika, a dengue, a febre amarela e a Chikungunya. Em 2017, um de seus estudos sobre a Zika, realizado com várias parcerias, foi publicado na Nature, uma das revistas científicas mais respeitadas do mundo. 

Fonte: Redação Byte
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