A Microsoft informou nesta quinta-feira que vai cortar até 18 mil empregos neste ano, ou 14% de sua força de trabalho, conforme remodela a recém-adquirida unidade de telefonia Nokia e se reestrutura como uma empresa de computação e de softwares mais voltados para dispositivos móveis.
Os cortes mais profundos que o esperado são os maiores na história de 39 anos da companhia, e são anunciados cinco meses após a chegada do presidente-executivo, Satya Nadella, que delineou planos para um negócio mais enxuto em um memorando aos funcionários na semana passada.
"Vamos simplificar a forma como trabalhamos para impulsionar maior prestação de contas, para que nos tornemos mais ágeis e para que nos movimentemos mais rápido", escreveu Nadella aos funcionários em um memorando divulgado nesta quinta-feira. "Pretendemos ter menos camadas de administração, tanto de cima, para baixo, quanto para os lados, para acelerar o fluxo de informações e a tomada de decisão."
O tamanho dos cortes foi bem visto por Wall Street, que enxergava uma Microsoft inchada sob o comando do presidente anterior, Steve Ballmer. A empresa passou a contar com 127 mil funcionários após a absorção de Nokia neste ano.
"É cerca do dobro do que o mercado estava esperando", disse o analista Daniel Ives, da FBR Capital Markets. "Nadella está limpando o convés para o novo ano fiscal. Ele está limpando parte da bagunça que Ballmer deixou." As ações da Microsoft saltaram de 3%, para US$ 45,40, nas negociações pré-mercado, atingindo seu nível mais alto desde o boom da ações de tecnologia de 2000.
Cerca de 12.500 demissões virão da eliminação de sobreposições com a Nokia, que a Microsoft adquiriu em abril por US$ 7,2 bilhões. A Microsoft não disse quantos cortes virão da Nokia e quantos serão provenientes de operações existentes. A compra da divisão de celulares da Nokia acrescentou 25.000 pessoas à folha de pagamento da Microsoft.
Os cortes relacionados à Nokia eram amplamente esperados. A Microsoft afirmou, quando fechou o negócio, que cortaria US$ 600 milhões por ano em custos em um prazo de 18 meses após o fechamento da aquisição.
A Microsoft não detalhou exatamente onde os postos restantes serão cortados, mas disse que a primeira onda de demissões afetará 1.351 empregos na área de Seattle, Estados Unidos.
A empresa disse que espera ter encargos antes de impostos de US$ 1,1 bilhão a US$ 1,6 bilhão ao longo dos próximos quatro trimestres para contabilizar os custos das demissões.
O movimento do novo presidente foi concebido para ajudar a Microsoft na mudança de uma empresa focada principalmente em software para uma que vende serviços online, aplicativos e dispositivos para tornar as pessoas e as empresas mais produtivas. Nadella precisa fazer da Microsoft uma concorrente mais forte para o Google e a Apple, que têm dominado a nova era da computação centrada em mobilidade.