Milhares de pessoas em Dublin, na Irlanda, se reuniram para um desfile de Halloween que, na verdade, nunca existiu. Um evento anunciado online atraiu uma multidão de pessoas fantasiadas para o centro da cidade, mas, após mais de uma hora de espera, os participantes perceberam que haviam sido vítimas de uma campanha publicitária enganosa gerada por inteligência artificial (IA).
Sem sinal de policiamento local e nenhum anúncio oficial sobre o desfile, alguns presentes começaram a desconfiar da situação. “Nenhum Gardai por perto — é assim que chamam os policiais na Irlanda —, nenhum anúncio oficial, pessoas esperando no lado errado da estrada...” publicou um usuário no Twitter, lamentando o que chamou de “grande #farsa #pegadinha”.
People waiting for a halloween parade. #Dublin
No Gardai around, no official announcement, people waiting on the wrong side of the road...
Someone did pull a big #hoax #Prank pic.twitter.com/zTQUShZrya
— Artur Martins (@arturmartins) October 31, 2024
Com o aumento da multidão, a polícia irlandesa precisou intervir, fazendo um anúncio público: “Por favor, estejam cientes de que, ao contrário das informações que circulam online, nenhum desfile de Halloween está programado para acontecer no centro da cidade de Dublin esta noite.”
Segundo publicação do portal The Byte, a confusão foi resultado de uma campanha publicitária meticulosamente planejada pelo site myspirithalloween.com, que se apresenta como “o destino final para todas as coisas de Halloween”.
O site, porém, é cheio de inconsistências: enquanto afirma ser sediado em Illinois, o investigador Ciarán O'Connor, do Institute for Strategic Dialogue, aponta indícios de que a origem verdadeira é no Paquistão. Segundo ele, o site provavelmente visa lucros com a receita de anúncios, utilizando páginas falsas e algoritmos para impulsionar o engajamento.
O esquema teve uso de páginas falsas no Facebook e imagens autênticas de eventos passados da companhia de performances Macnas, além de textos gerados por IA.
“O site My Spirit Halloween provavelmente foi criado para fins [de receita de anúncios]”, escreveu O’Connor, revelando que 30% do conteúdo da página foi criado com a ajuda de IA, enquanto o restante foi desenvolvido por contratados humanos.
A campanha viralizou, especialmente no Facebook e TikTok, onde algoritmos e a curiosidade dos usuários deram força à notícia falsa.