Mortes por cólera aumentam em 71%, aponta OMS

Aumento das mortes está relacionado a conflitos e mudanças climáticas, diz o relatório

16 set 2024 - 12h46
Menina em um centro de tratamento de cólera
Menina em um centro de tratamento de cólera
Foto: BBC News Brasil

Os surtos de cólera estão se tornando cada vez mais mortais em diversas partes do mundo. Segundo uma nova análise da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de mortes causadas pela doença diarreica disparou no último ano, superando significativamente o crescimento no número de casos.

Conforme relatado em reportagem do New York Times, as fatalidades pela doença aumentaram 71% no ano passado, superando em muito o aumento de 13% nos casos, disse a Organização Mundial da Saúde.

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Apesar de ser uma doença facilmente prevenível e tratável com custos baixos, grandes surtos de cólera sobrecarregaram até mesmo sistemas de saúde bem estruturados, em países que não enfrentavam a doença há anos. 

O aumento das mortes está relacionado a conflitos e mudanças climáticas, aponta o estudo.

"É totalmente inaceitável que as taxas de mortalidade estejam aumentando muito mais rápido que os casos", afirmou Philippe Barboza, líder da equipe de cólera no programa de emergências de saúde da OMS. "Isso reflete a falta de interesse global em uma doença que afeta a humanidade há milênios, atingindo principalmente as populações mais pobres, que não têm acesso à água potável", completou.

Número de mortes pode ser maior

Embora os números oficiais indiquem que mais de 4.000 pessoas morreram de cólera em 2023, especialistas acreditam que o número real seja muito maior. Segundo Barboza, estimativas baseadas em dados de programas de testes sugerem que o total de mortes pode ultrapassar 100.000.

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"É inadmissível que em pleno 2024 ainda tenhamos pessoas morrendo por falta de acesso a um simples pacote de sais de reidratação oral que custa apenas 50 centavos", disse o especialista. "Não é questão de ausência de UTI — elas precisam apenas de fluidos intravenosos e antibióticos", comentou. 

Eventos climáticos extremos, como inundações e secas, têm impulsionado a disseminação da cólera no sul da África. Em áreas com pouca disponibilidade de água potável, as pessoas se aglomeram em fontes limitadas que, se contaminadas, podem rapidamente causar surtos massivos.

Em 2023, casos de cólera foram relatados em 45 países, um aumento em relação aos 35 países que registraram a doença em 2021. A carga global da doença, que antes se concentrava no Oriente Médio e na Ásia, tem se deslocado para a África, onde os casos aumentaram 125% em comparação com o ano anterior.

A OMS relatou que, em 2023, nove países enfrentaram surtos considerados muito grandes, com mais de 10.000 casos confirmados ou suspeitos. Entre eles estão Afeganistão, Bangladesh, República Democrática do Congo, Etiópia, Haiti, Malawi, Moçambique, Somália e Zimbábue. 

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Fonte: Redação Byte
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