Presenciei o seguinte diálogo na fila do avião:
- Rapaiz, acabo de vir de uma das reuniões mais difíceis que já tive!
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- Ah é? O que passou?
- Tive que demitir meu melhor cara! O cara é simplesmente um monstro, sabe tudo de tudo o que mais usamos. Anos de empresa. Transformei ele em gerente faz 9 meses! E parece que o cara enlouqueceu! Não soube lidar com a situação de coordenar as pessoas e passou a ser grosseiro, tive uma reclamação atrás da outra. Hoje o demiti!
- Putz, é incrível como tem cara sem noção. Basta subir para um cargo novo e se transforma. Acho que fizeste certo. E agora?
- Não sei, tinha um segundo cara que era o braço direito dele na área técnica, estamos pensando nele!
What????
Realmente alguém está louco aqui, mas de longe é o técnico que foi passado a coordenador, gerente ou o que seja. A atitude de trazer uma pessoa da área técnica para assumir a gestão de uma área apesar de comum deve ser muito bem pesada. Nas universidades não aprendemos a ser gestores, aprendemos a ser técnicos. Seja em que especialidade for. Aí saímos para o mercado para sermos programadores, analistas de sistemas, especialistas (no caso de faculdades de tecnologia), mas não saímos para sermos gestores.
O processo de tornar-se um gestor é um processo lento, que requer qualificação adicional e distinta da que saímos da universidade. É algo que o ambiente de trabalho, a experiência profissional e a formação pós-universtitária nos trazem. Existe um tempo de adaptação para isto e um muito de aptidão pessoal. Há que se ter gosto pela gestão, caso contrário, a frustração de ter deixado a área mais técnica para converter-se em um gestor vem a galope.
Na tecnologia a maioria das pessoas que assumem postos de gestão vem da área técnica. Isto porque a gestão na área de tecnologia é um misto entre conhecimento técnico bastante específico e gestão de pessoas. O equilíbrio entre as duas funções, tornando o gestor cada vez mais uma pessoa de negócios com conhecimento técnico, deixando a parte mais profunda da tecnologia para sua equipe é uma dor as vezes insuportável para algumas pessoas.
Portanto, dar tempo as pessoas, condições de avaliarem o que realmente desejam, uma carreira Y, X, W ou a letra que queiram é o mínimo que se pode fazer para uma escolha acertada entre os que desejam seguir na carreira técnica e os que desejam migrar para a gestão. Coaching, treinamento, formações em gestão de pessoas irão colaborar nesta decisão. De ambas as partes, de quem precisa eleger alguém para assumir um posto de gestão e de quem está no processo de seleção.
Ignore isto e vai acabar demitindo seu melhor talento técnico proque ele não serviu para ser gestor!
