NASA cria sistema para detectar tsunami por vibrações na atmosfera

Cientistas da NASA usam dados de satélites GPS para detectar perturbações na atmosfera provenientes da formação de tsunamis

1 jun 2023 - 16h00
(atualizado às 19h25)

Um sistema eficiente de detecção e alertas é fundamental para salvar vidas quando um tsunami acontece. Pensando nisso, cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA estão testando uma nova tecnologia, chamada GUARDIAN — acrônimo em inglês para Rede de Alertas e Informação de Desastres em Tempo Real na Alta Atmosfera. O sistema usa dados de satélites de GPS para detectar perturbações geradas pelas ondas gigantes na atmosfera.

Na origem de um tsunami, o movimento ascendente da água acaba deslocando uma quantidade significativa de ar acima da superfície. Em alguns minutos, esse deslocamento se propaga pela atmosfera na forma de ondas de baixa frequência, até chegar a suas camadas mais altas. Na ionosfera — faixa no topo da atmosfera, repleta de partículas eletricamente carregadas — estas ondas interagem com o meio, distorcendo levemente o sinal recebido por satélites de GPS.

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Quando o objetivo do uso destes dados é a informação precisa da localização de um usuário, perturbações como essa são corrigidas por ferramentas de navegação, mas os cientistas enxergaram aí uma nova possibilidade. "Ao invés de corrigir isso como um erro, usamos [as perturbações] como um dado para encontrar desastres naturais," afirma Léo Martire, pesquisador da NASA.

Foto: Rolandmey/Pexels / Canaltech

A tecnologia ainda está em desenvolvimento e exige o trabalho de especialistas para traduzir os dados de GPS como um sinal de tsunami. Ainda assim, os resultados já estão entre os mais rápidos — é possível detectar um destes eventos 10 minutos após sua ocorrência, o que — dependendo da distância entre sua origem e o litoral — forneceria um alerta com até uma hora de antecedência para a comunidade local.

Siddharth Krishnamoorthy, outro cientista envolvido no projeto, diz que o GUARDIAN vem para complementar outros sistemas de monitoramento, como sismômetros e bóias, que "são muito efetivos, mas não apresentam uma cobertura sistemática do oceano aberto."

Até o momento, a equipe tem focado suas análises no Oceano Pacífico, na região conhecida como Anel de Fogo por sua alta atividade tectônica. Foi nela que ocorreram cerca de 78% dos mais de 750 tsunamis registrados desde 1900 no planeta. Os dados do GUARDIAN já estão disponíveis em um website onde os usuários podem ver os sinais detectados pelo projeto.

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Fonte: GPS SolutionsNASA

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