Elon Musk, bilionário e fundador da montadora de carros Tesla, adquiriu o Twitter, uma das redes sociais mais influentes do mundo, na última quinta-feira (27). Depois de seis meses de negociações e disputas na Justiça, a venda da empresa por US$ 44 bilhões (R$ 234 bilhões) deve marcar uma fase da plataforma.
A primeira mudança após a aquisição veio já nesta sexta-feira (28). O Twitter anunciou sua retirada da bolsa de valores à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês). Desde 2013 a empresa era aberta, isto é, com ações negociadas na Bolsa de Valores. Agora é uma empresa de capital fechado.
Como primeiro ato, o novo dono da plataforma demitiu o presidente-executivo do Twitter, Parag Agrawal, o diretor financeiro, Ned Segal, o responsável pelos assuntos jurídicos e de políticas, Vijaya Gadde, e o conselheiro geral, Sean Edgett.
O empresário agora também poderá começar a implementar sua lista de desejos para a plataforma, incluindo a tão famosa “liberdade” defendida por ele.
Liberdade
Após a compra, Musk prometeu rever a política de moderação de conteúdo, criando o que ele chama de “arena de liberdade de expressão”, mas não detalhou como isso será feito.
O empresário tuitou: "O pássaro está livre", referindo-se ao símbolo da rede social, que é um pássaro azul.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, uma fonte teria dito que Musk pretende acabar com as proibições permanentes de usuários porque não acredita em um banimento eterno. Neste caso, pessoas que foram expulsas da plataforma teriam permissão para retornar, como o ex-presidente Donald Trump.
O Twitter baniu Trump dias após a insurreição do Capitólio em Washington em 2021, alegando que havia “risco de mais incitação à violência”. Alguns analistas temem que a medida de reverter banimentos possa tornar o espaço em aplicativo tóxico e cheio de discurso de ódio.
Fim aos perfis falsos
O CEO da Tesla também quer acabar com os chamados "bots" na plataforma, perfis falsos que são usados para espalhar links com fake news, por exemplo.
Os bots são um grande problema conhecido no Twitter, embora a empresa tenha afirmado que eles representam menos de 5% de todos os usuários. Musk acredita que esse número é muito maior, cerca de 20% ou mais, e usou isso como base legal para desistir inicialmente do acordo de compra.
Segundo Musk, para evitar bots, a ideia é verificar todos os humanos da plataforma com o famoso “selo azul”.
Moderação de conteúdo
Musk disse anteriormente que o Twitter, sob sua liderança, teria políticas de moderação de conteúdo mais brandas, algo que preocupava os anunciantes.
“Em caso de dúvida, deixe o discurso existir”, afirmou Musk em uma entrevista no palco em abril. “Se é uma área cinzenta, eu diria, deixe o tuíte existir. Mas, obviamente, no caso em que talvez haja muita controvérsia, você não necessariamente gostaria de promover este tuíte.”
Por conta disso, anunciantes ficaram receosos com os anúncios, principalmente no que diz respeito aos mais vulneráveis: geralmente mulheres, membros da comunidade LGBTQ e pessoas negras.
Na quinta-feira (27), Musk tentou tranquilizar os anunciantes dizendo, em uma carta aberta, que o Twitter “não pode se tornar um inferno livre para todos, onde qualquer coisa pode ser dita sem consequências!” e acrescentou que quer que a rede social seja um lugar “onde você possa escolher a experiência desejada de acordo com suas preferências, assim como você pode escolher, por exemplo, ver filmes ou jogar videogames de todas as idades a adultos”.