Uma droga sintética chamada Spice foi apontada como causa da morte de um adolescente de 12 anos, na periferia de Diadema, região metropolitana de São Paulo. David Dias usava a chamada "supermaconha", substância química criada nos Estados Unidos, na década de 1990.
No dia de sua morte, sexta-feira (3), o menino disse para mãe que não estava se sentindo bem, chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu a uma parada cardíaca.
Agora, o ocorrido acende alerta para o uso da substância e as consequências nos jovens.
Com cheiro de morango ou melancia e aspecto similar à maconha, a Spice, também conhecidada como K2 ou K10, se tornou uma das mais usadas pelos jovens, e é anunciada como "incenso" ou "pot-pourri" em pacotes coloridos.
O que é Spice e por que preocupa
Apesar de a moda chegar agora no Brasil, a droga tem sido motivo de preocupação há anos nos Estados Unidos e em países da Europa. Seus componentes químicos são diferentes da maconha, bem como os efeitos colaterais.
Segundo especialistas, essas versões sintéticas como esta podem ser até 100 vezes mais potentes do que a maconha, por exemplo.
O caso de David não é isolado: a Spice foi ligada a várias fatalidades na Austrália e na Rússia. Nos Estados Unidos, Connor Reid, de 19 anos, entrou em coma e depois morreu.
O número de apreensões também aumentou. Em 2021, a Polícia Civil de Minas Gerais alertou para a circulação do entorpecente, pois o número de operações envolvendo a droga ficou em cerca de 30%.
Efeitos nocivos
Os efeitos colaterais do consumo dos canabinoides sintéticos como a Spice incluem psicose, paranoia, confusão mental, irritabilidade, automutilação, taquicardia e arritmia.
O perito criminal do Instituto de Criminalística (MG) Pablo Alves Marinho explicou que em alguns casos um único consumo é suficiente para provocar overdose.
“Por se tratar de uma droga nova no mercado ilícito, não há como o usuário saber sobre a quantidade da droga incorporada no papel, não havendo consumo seguro dessas substâncias”, disse em um comunicado.
A agência da ONU responsável por controlar as drogas ilícitas em todo o mundo, a United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC), alertou que os primeiros relatos da maconha sintética são de 2008.
Até 2020, mais de 1.000 novas substâncias psicoativas em circulação foram reportadas pelos laboratórios forenses ao redor do mundo.
Segundo Marinho, “ficaram conhecidas como maconha sintética porque as moléculas dessas drogas ativam os mesmos receptores que o THC (princípio ativo da maconha), porém com mais potência”.
Devido aos riscos substanciais dos canabinóides sintéticos, muitos países já proibiram sua produção, posse e distribuição — como é o caso do Brasil.