O aplicativo Yolo, que permite que perguntas anônimas sejam feitas a usuários da rede social Snapchat, se tornou o aplicativo mais baixado em iPhones de países como EUA e Reino Unido, surpreendendo analistas de tecnologia (uma vez que ele foi lançado sem grandes campanhas de marketing) e despertando preocupações a respeito de abusos e bullying.
O Yolo, sigla de "You Only Live Once" (você só vive uma vez, em tradução livre), permite que usuários do Snapchat postem uma foto convidando terceiros - que podem ser amigos da sua rede de contatos ou pessoas em geral - a "mandar-me mensagens anônimas". Se o usuário decidir responder as mensagens que recebeu, a resposta se converte em um post de Snapchat.
O problema é que aplicativos anônimos prévios foram acusados de serem um terreno livre para mensagens abusivas, ofensivas e repletas de bullying, o que levou a críticas por parte da ONG britânica de defesa infantil Sociedade de Prevenção à Crueldade contra Crianças (NSPCC, na sigla em inglês).
"Aplicativos como o Yolo, por permitirem mensagens anônimas, podem ser facilmente usados de modo ruim, para o envio de mensagens incômodas", disse à BBC o porta-voz da organização, Andy Burrows. "O Snapchat deveria explicar como esse aplicativo se relaciona a seu dever de se preocupar com as crianças."
Nos EUA, outra ONG, chamada Protect Young Eyes (proteja os olhos infantis, em tradução livre), opinou que a idade mínima para uso do Yolo - 12 anos - é muito baixa.
"O anonimato (...) sempre criou terreno fértil para ódio e para decisões ruins por parte de adolescentes", agregou a ONG.
Consultada pelo Newsround, serviço de notícias juvenil da BBC, a Snap, empresa dona do Snapchat, afirmou que o Yolo não é ligado à companhia de nenhum modo. No entanto, o app foi criado por intermédio da Snap Kit, uma plataforma de criação lançada no ano passado pelo próprio Snapchat. Essa plataforma permite que desenvolvedores independentes integrem seus produtos à rede social.
A empresa que criou o Yolo é a start-up francesa Popshow Inc. Até a publicação desta reportagem, a BBC não havia conseguido contato com os criadores.
Sucesso inesperado
Ao site Techcrunch, um dos fundadores da Popshow afirmou que não esperava que o Yolo entrasse na lista de app mais baixados.
"Não era para ter sido um sucesso, era só para aprendermos (a programar)", afirmou Gregoire Henrion ao site. "(A divulgação) foi 100% viral."
Na abertura do app, há o alerta de que "o Yolo não tem tolerância para conteúdo questionável ou usuários abusivos. Você será banido por qualquer uso inapropriado".
Embora o aplicativo tenha recebido críticas positivas na App Store, alguns usuários levantaram preocupações: um deles disse que o app vinha sendo usado para "desejar a morte das pessoas"; outro, que foi chamado de "esquisitão" por um anônimo. "As pessoas vão sofrer bullying com isso, não é uma boa ideia", escreveu um terceiro.
Apps anteriores que permitiam trocas de mensagens anônimas, como Ask.fm, Whisper, Yik Yak e Lipsi, também enfrentaram críticas semelhantes.
O criador do Polly, outro app feito pelo Snap Kit com funcionalidades anônimas - tuitou que sua equipe de desenvolvedores decidiu extinguir a possibilidade de usuários mandarem posts sem identificação, justamente porque era difícil gerenciar suas consequências.