Imagine uma pessoa que tem diversas identidades e que durante uma conversa apresenta vozes e comportamentos diferentes. Isso existe e pode ser caracterizado como transtorno dissociativo de identidade (TDI).
A condição acomete cerca de 1,5% da população global, segundo a National Library of Medicine.
No último domingo (20), a reportagem do programa "Fantástico", da TV Globo, revelou com detalhes pessoas que vivem com essa condição psiquiátrica severa e rara.
Transtorno
De acordo com a Sociedade Americana de Psiquiatria, o TDI está associado a experiências e eventos traumáticos e/ou abuso ocorridos na infância. O transtorno dissociativo de identidade era anteriormente referido como transtorno de personalidade múltipla.
Pode ser caracterizado pela existência de duas ou mais identidades distintas (ou “estados de personalidade”). As identidades distintas são acompanhadas por mudanças de comportamento, memória e pensamento.
Segundo o Instituto Sidran, que trabalha para ajudar pacientes a entender e lidar com o estresse traumático e os distúrbios dissociativos, a pessoa com TDI “sente como se tivesse dentro de si duas ou mais entidades, cada uma com sua própria maneira de pensar e lembrar de si mesma e de sua vida.
Riscos e tratamento
Um artigo publicado em 2019, na revista científica Journal of Traumatic Stress, descreveu que pacientes com TDI têm altas taxas de automutilação não suicida e tentativas de suicídio, em mais de 70% dos casos, de acordo com dados do Instituto Sidran.
E para agravar a situação, ainda há uma escassez de treinamento para identificar essas pessoas.
A boa notícia é que existe tratamento, que geralmente envolve psicoterapia. A terapia pode ajudar as pessoas a obter controle sobre o processo dissociativo e os sintomas.
No entanto, dizem especialistas, esse processo pode ser intenso e difícil, uma vez que exige lidar com experiências traumáticas passadas.
A terapia comportamental cognitiva e a comportamental dialética são dois tipos de tratamentos comumente usados. A hipnose também foi considerada útil para cuidar do transtorno dissociativo de identidade.