A operadora Oi espera unir-se à Claro, da mexicana América Móvil, e à Vivo, da espanhola Telefónica, para realizar a oferta de aquisição da TIM, e por isso contratou o BTG Pactual com o objetivo desenhar uma oferta que resolva questões financeiras e regulatórias, segundo uma fonte próxima ao assunto.
A ideia é que o BTG Pactual, também sócio da Oi, viabilize a consolidação tanto do ponto de vista financeiro - já que a Oi não teria condições de arcar com a oferta sozinha - como regulatório. Segundo a fonte, uma oferta conjunta teria menos chance de receber objeções do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A oferta ainda não foi desenhada pelo BTG Pactual, mas a expectativa é que Claro e Vivo manifestem-se em breve sobre a participação na proposta de aquisição da TIM, disse a mesma fonte.
A Oi poderá recorrer à venda de ativos na África já apontados como vendáveis, avaliados em cerca de R$ 4 bilhões, e à venda de torres e imóveis como forma de captar recursos para a oferta, segundo a fonte.
O BTG Pactual também irá estruturar a operação de forma a permitir que a Telefónica, que já recebeu orientação do Cade para reduzir sua participação na Telecom Italia, controladora da TIM, possa participar da oferta.
A Oi anunciou na noite de terça-feira ter contratado o BTG Pactual para viabilizar uma proposta de compra da TIM, num esforço para não ficar à margem na consolidação em curso no setor de telecomunicações no Brasil e um mês antes de um importante leilão de licenças de telefonia móvel de quarta geração (4G).
Procuradas, Oi e Claro não se manifestaram. A TIM disse em fato relevante que sua controladora tomou conhecimento da informação de que a Oi fará oferta de compra da companhia brasileira, mas que "está completamente alheia" e que "não sabe nada" da iniciativa.
Segundo dados de terça-feira da BM&FBovespa, a Oi tinha valor de mercado de R$ 11,6 bilhões, bem inferior ao valor de mercado da TIM, de R$ 27,7 bilhões.
Um especialista do setor disse que o fatiamento da TIM seria uma operação mais complexa, mas não impossível de ter aval de reguladores como Cade e Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A concentração de mercado também pode ser menor com o fatiamento do que com a compra da TIM por apenas um concorrente, disse o advogado Guilherme Ieno, sócio da área de telecomunicações do Koury Lopes Advogados.
"De qualquer forma haverá redução de um competidor", disse o advogado, lembrando que ainda não está claro de que forma seria feita a divisão das regiões de cobertura da TIM e como seus usuários seriam distribuídos.
Segundo dados de junho da Anatel, a Vivo tinha 79,4 milhões de acessos de telefonia móvel, seguida pela TIM, com 74,2 milhões. A Claro estava em terceiro lugar, com 68,7 milhões e a Oi ficava em quarto lugar, com 51 milhões de acessos.
Em fatia de mercado, isso representava 28,78% da Vivo, 26,91% para a TIM, 24,95% da Claro e 18,53% da Oi.
A oferta surpreendeu especialistas, que se questionaram de onde viriam os recursos por parte da Oi, uma empresa que já enfrenta alto nível de endividamento.
De acordo com balanço divulgado no segundo trimestre, a dívida líquida da Oi estava em R$ 46,23 bilhões em junho. Além disso, a Portugal Telecom enfrentou recentemente o calote de 897 milhões de euros da Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo, principal sócio da operadora portuguesa, com a qual a Oi está em processo de fusão.
Em paralelo ao anúncio da Oi, outras negociações estão em andamento. A Telecom Italia e a Telefónica concorrem pela operadora de banda larga fixa GVT, da francesa Vivendi.
As ações ordinárias da TIM subiram 10,05% nesta quarta-feira, para R$ 12,59, enquanto as ações da Oi tiveram alta de 6,72%, para R$ 1,43 real.