Pais de transgêneros usam redes sociais contra preconceito

Os vídeos estimulam debate sobre os limites da exposição, pelos pais, de seus filhos transgênero

10 mar 2015 - 18h34
<p>Alguns pais aprovam a troca de experiência, outros temem a condenação dos filhos online</p>
Alguns pais aprovam a troca de experiência, outros temem a condenação dos filhos online
Foto: BBC News Brasil

Um vídeo postado recentemente no Facebook que mostra uma criança na Nova Zelândia, que se identifica como transgênero, foi visto 7 milhões de vezes. No vídeo de cerca de oito minutos, Milla, cujo sexo biológico é o feminino mas se identifica como menino, se apresenta e fala dos problemas que enfrenta.

"Meu nome é Milla, não é fácil ser eu. Tenho disforia de gênero. Sinto como se estivesse no corpo errado. Está muito difícil na escola agora. As crianças me provocam o tempo todo.... Ninguém me entende. Só quero que as pessoas me aceitem pelo que sou."

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A película também tem imagens de Milla em várias fases do crescimento e foi postado pela mãe da criança.

Este não é o primeiro vídeo deste tipo postado em redes sociais. Em várias outras redes e no YouTube é possível ver que pais de crianças transgêneros estão dando os seus depoimentos e mostrando seus filhos.

Outro exemplo é a jovem ativista americana Jazz Jennings, uma das mais populares vloggers transgênero atualmente. A adolescente de 13 anos nasceu menino, mas agora se identifica como menina e costuma postar seus vídeos no YouTube.

Debate sobre crianças transgênero

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Estes vídeos, posts, blogs e vlogs são populares, vistos e acessados milhões de vezes, mas, por outro lado, desencadeiam o debate sobre até que ponto os pais podem expor os filhos ou permitir esta exposição.

"Pode chegar um momento na vida da criança que ela não quer mais ser apontada como uma pessoa transgênero."

"Há um sentimento de que não queremos nos esconder, não queremos ter vergonha, não queremos que nossos filhos tenham vergonha. Acho que isso é uma mudança positiva. Apenas me preocupo em (os pais) tomarem esta decisão por uma criança tão pequena", acrescentou.

Outra mãe, cuja criança nasceu como menino mas, desde três anos de idade se identifica como menina, aprova a exposição.

"Todas as vezes que eu lia uma história ou via uma história como esta eu pensava: todos nós passamos por isso, mas só agora estamos sabendo por causa das coisas que estão online, no Facebook ou Twitter. Acho ótimo, pois gera conscientização na sociedade", afirmou a mulher que não quis ser identificada.

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Sem medo de divulgar

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Jay Stewart trabalha em uma organização britânica chamada Gender Intelligence, que trabalha com questões como esta. Para ele, não há muito problema em divulgar este tipo de informação online.

"Minha opinião pessoal é que tudo bem ser visível como uma pessoa transgênero e você deve se sentir seguro e feliz fazendo isto, e se você não se sente assim, o problema não é seu. (O problema) É do mundo à sua volta, então temos que mudar as perspectivas e opiniões", afirmou.

"É muito importante para jovens transgêneros ver outros como eles por aí, online, no mundo visível."

"(É preciso) Ajudar a normalizar o fato de que crianças podem ser transgêneros, ajudar as pessoas a entender que diz respeito ao que a pessoa é, e estas crianças estão sendo corajosas e se apresentando", disse Jennie Kermode, da instituição de caridade britânica TransMedia Watch, que cuida de como a imprensa trata transgêneros.

Ela vê a questão de uma forma mais positiva, porém realista.

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"Nós estamos vendo cada vez mais respostas positivas, e é fantástico. Infelizmente, há pessoas que fazem comentários ruins", acrescentou.

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