Após a aparição de um peixe-remo morto em uma praia do Vietnã, reviveu-se a lenda que associa o animal à previsão de desastres naturais. Apesar de a crença ser convincente, a ciência afirma que não há razão para usar o animal como sistema de alerta para terremotos e tsunamis.
Um peixe-remo, espécie conhecida por habitar as profundezas do mar, causou comoção e temor entre os moradores de Hue, no Vietnã, após ser encontrado morto em uma praia da região.
A aparição do animal, que pode chegar a medir até sete metros de comprimento, reviveu uma antiga lenda que associa o peixe-remo à previsão de desastres naturais. isso porque o peixe-remo vive a cerca de 200 a 1.000 metros de profundidade nos oceanos.
Segundo a crença popular, o animal, também conhecido como "peixe do fim do mundo", emerge das profundezas apenas quando pressente terremotos, tsunamis ou outros eventos catastróficos.
Essa lensa se baseia na raridade com que a espécie é vista na superfície, o que leva as pessoas a associá-la a eventos incomuns. A ideia ganhou força quando no Japão, antes do terremoto e tsunami de Fukushima (2011), em que vários foram vistos na costa da cidade.
O que diz a ciência?
Apesar de a crença dizer que o peixe do "Juízo Final" pode prevêr desastres, a ciência não comprova tais afirmações.
Pesquisadores japoneses estudaram diversas reportagens, registos e artigos acadêmicos que remontam a 1928 e não encontraram qualquer correlação entre avistamentos de peixes-remo e grandes terramotos.
“Dificilmente se pode confirmar a associação entre os dois fenómenos”, escreveram o sismólogo Yoshiaki Orihara e os seus colegas num artigo publicado no Boletim da Sociedade Sismológica da América, em 2019.
Antes disso, alguns cientistas tentaram explicar as lendas sugerindo que o movimento das placas tectônicas poderia gerar correntes electromagnéticas que empurram os peixes-remo e outros animais como o peixe-fita (além do peixe-remo) para águas rasas.
Outro estudo em 2018 encontrou uma correlação entre avistamentos de peixes-remo e anos de El Niño, quando a água do Oceano Pacífico equatorial central e oriental estava muito mais quente do que o normal.
Por isso, embora a lenda do peixe-remo seja realmente convincente, no que diz respeito às histórias, não há razão científica para pensar que possamos realmente usar o animal como sistema de alerta de terremotos e tsunamis.