Pele de cogumelo poderá ser utilizada em eletrônicos sustentáveis; entenda

O cogumelo desenvolve uma pele que é flexível e um bom isolante térmico

14 nov 2022 - 05h00
(atualizado às 08h03)
Pele de cogumelo pode ser utilizada para fabricar chips sustentáveis
Pele de cogumelo pode ser utilizada para fabricar chips sustentáveis
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

Uma pesquisa da Universidade de Linz desenvolveu um protótipo considerado de “primeiro no mundo” que pode levar a utilização de eletrônicos mais sustentáveis: cientistas usaram a pele de cogumelo (Ganoderma lucidum) como substância transportadora para dispositivos. As descobertas foram publicadas na sexta-feira, 11, na revista científica Science Advances. 

Todos os circuitos eletrônicos, que são metais condutores, precisam ficar em uma base isolante e de resfriamento chamada substrato e em quase todos os chips de computação, esse substrato é feito de polímeros plásticos não recicláveis, que geralmente são jogados fora no final da vida útil do chip.

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Devido às propriedades, a inovação chamada “MycelioTronics” pode ser uma alternativa biodegradável aos componentes que geram 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico que são produzidos a cada ano, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). 

Segundo os autores do estudo, essa foi uma “descoberta mais ou menos acidental” – “como é frequentemente o caso na ciência”. No novo estudo, a equipe analisou os cogumelos através das lentes da eletrônica sustentável. 

Detalhe de wafer de chips de silício
Foto: Shutterstock / Meio Bit

Testando pele de cogumelo

Pesquisadores descobriram que o poliporo lácteo (propriedade do cogumelo) forma uma pele micelial (conjunto de hifas emaranhadas de um fungo) fechada na superfície de seu meio para se proteger de patógenos ou outros fungos no meio das raízes. Esta pele acabou por ser fácil de remover e processar na robótica.

Quando os cientistas extraíram e secaram a pele, descobriram que ela é flexível, um bom isolante, e que poderia suportar temperaturas superiores a 200°C, e que além disso, tem uma espessura semelhante à de uma folha de papel — sendo boas propriedades para um substrato do circuito.

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De acordo com Martin Kaltenbrunner da Universidade Johannes Kepler em Linz, Alemanha, se mantida longe da umidade e da luz ultravioleta (UV), a pele provavelmente poderia durar centenas de anos.

A equipe de pesquisa construiu circuitos de metal em cima da pele de cogumelo e descobriu que eles conduzem quase tão bem quanto em polímeros plásticos padrão. Segundo os resultados, o substrato permanece eficaz mesmo depois de dobrá-lo mais de 2.000 vezes, e os pesquisadores demonstraram que ele também pode funcionar em uma bateria básica para dispositivos de baixa potência, como sensores Bluetooth.

Agora, eles esperam esperam que o substrato do cogumelo seja utilizado para eletrônicos que não são projetados para durar muito tempo, como sensores vestíveis ou etiquetas de rádio. No entanto, eles precisam mostrar, primeiro que a pele pode funcionar nos processos eletrônicos industriais atuais.

Fonte: Redação Terra
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