Poeira vista no James Webb traz novas pistas sobre início do universo

A luz da galáxia JADES-GS-z6-0 levou 13 bilhões de anos para chegar até nós. Universo teria 800 milhões de anos quando luz foi emitida

23 fev 2023 - 17h40
Redes de gás e poeira das galáxias com detalhes extraordinários
Redes de gás e poeira das galáxias com detalhes extraordinários
Foto: Flickr/NASA

Em novo trabalho com o telescópio James Webb, cientistas informaram sobre a possível detecção de grãos de poeira em uma galáxia distante da nossa. Caso seja confirmada, essa descoberta desafia nosso entendimento sobre a formação desses grãos e sobre como o universo foi formado. 

A poeira interestelar é indispensável para estudos teóricos e observações de evolução das galáxias. Sua emissão possui a função de facilitar a fragmentação de nuvens de gás a partir das quais as estrelas se formam e são capazes de absorver luzes ultravioletas no espaço. Porém, a origem dos vários tipos de grãos na galáxia permanece um mistério.

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Pesquisadores envolvidos em um novo estudo descobriram que a luz da galáxia JADES-GS-z6-0 levou quase 13 bilhões de anos para chegar até nós, o que faz concluir que o universo possuía apenas 800 milhões de anos quando essa luz foi emitida. O que chocou os estudiosos, portanto, foi o curto tempo de formação da poeira, menor do que se pensava antes.

Para captar a presença da poeira, os cientistas da Universidade de Cambridge, liderados pelo pesquisador Joris Witstok, em parceria com Irene Shivaei, Renske Smit, Roberto Maiolino, Stefano Carniani e vários outros usaram a técnica de espectroscopia, que divide a luz recebida da galáxia em cores diversas. 

Aglomerado de milhares de estrelas captado pelo Telescópio James Webb
Foto: Flickr/ NASA

Na análise dos dados, foi evidenciado que faltava luz em uma cor ultravioleta. Nesse caso, a deficiência de luz é um sinal da presença de poeira em galáxias próximas porque são esses grãos, formados por átomos de carbono, que absorvem preferencialmente essa cor. 

Porém, ainda há dúvidas sobre a origem desse carbono, já que teoricamente ele é formado dentro das estrelas – que levam mais de um bilhão de anos para morrer – , soltando seus elementos nos arredores.

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Se o universo possuía apenas 800 milhões de anos quando recebeu a luz da galáxia JADES-GS-z6-0, não teria dado tempo de o carbono se formar dentro das estrelas para reter o espectro ultravioleta. Portanto, a primeira dúvida é como essa cor pode ter sido absorvida. 

E a segunda é entender como a poeira interestelar pode ter sobrevivido a ambientes tão hostis como eram as galáxias em seus inícios, que produziam grande quantidade de radiação por suas estrelas jovens.

Ainda que exista outra maneira de criação dos grãos, modelos atuais mostram que a radiação destruiria grãos de poeira naquele contexto. As novas observações também colocam esse ponto, até então pacífico, em dúvida. 

Fonte: Redação Byte
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