O youtuber Retro Game Corps enfrenta ameaça de exclusão de seu canal pela Nintendo após violar direitos autorais ao mostrar jogos da empresa em dispositivos não autorizados.
Russ Crandall, conhecido na internet como Retro Game Corps, é um youtuber popular entre fãs de jogos clássicos, mas seu canal pode estar ameaçado. Aos 24 anos, Crandall superou desafios, reaprendendo a andar e escrever após um derrame. Após uma longa trajetória como tradutor da Marinha dos EUA, ele decidiu se dedicar ao YouTube em tempo integral, criando conteúdos sobre como jogar títulos retrô em dispositivos modernos.
Com meio milhão de inscritos, o canal Retro Game Corps é um sucesso entre os entusiastas de jogos. Crandall analisa dispositivos de jogos portáteis, explorando como eles suportam emuladores de clássicos.
Mas em setembro deste ano, sua carreira no YouTube foi colocada em risco. Após publicar um vídeo sobre a execução de jogos do Nintendo Wii U em dispositivos Android, Crandall recebeu um segundo aviso de remoção de conteúdo do YouTube a pedido da Nintendo, o que poderia levar à exclusão de seu canal com um terceiro aviso. O caso foi reportado pelo portal de notícias "The Verge".
Em resposta, ele declarou que evitaria mostrar conteúdos da Nintendo nos vídeos. "Não mostrarei mais nenhum jogo da Nintendo na tela", afirmou em suas redes sociais e nos comentários do YouTube. O YouTuber, que sempre demonstrou ser contra a pirataria e defendeu a compra de produtos originais da Nintendo, surpreendeu a comunidade, que se mobilizou em apoio ao criador.
Crandall disse ao The Verge que a Nintendo começou a monitorar seu canal após ele publicar vídeos que mencionavam dispositivos como o MIG Dumper e o MIG Flash, que transformam cartuchos originais do Nintendo Switch em arquivos digitais.
Crandall diz que é fã da Nintendo há quase 40 anos, desde que sua família comprou um NES de Natal em 1985. As greves de direitos autorais atingiram duramente. “Esta é a primeira interação real que tenho com a Nintendo, e é uma loucura. Eu apresento a maioria dos jogos deles não porque estou tentando, tipo, pregar uma peça neles, mas apenas compartilhando o amor por esses jogos”, disse.
Apesar de Crandall enfatizar a utilização legal desses dispositivos, a Nintendo vê o uso dessas ferramentas como potencial incentivo à pirataria, desencadeando os avisos de direitos autorais.
Embora o uso de imagens da Nintendo em vídeos educacionais ou demonstrativos seja um tema controverso no YouTube, muitos questionam se as políticas de direitos autorais aplicadas pela empresa são justas.
Crandall e outros criadores argumentam que o material usado brevemente em seus vídeos poderia ser enquadrado como uso justo. Porém, desafiar a gigante japonesa na justiça é arriscado e pode implicar em altos custos legais.
Em meio à incerteza, Crandall continua reformulando seu conteúdo para manter seu canal, ao mesmo tempo, o caso levanta uma discussão sobre os limites dos direitos autorais e o futuro dos criadores de conteúdo voltados a jogos.
“É um jogo perigoso”, diz Richard Hoeg ao The Verge, um advogado empresarial que apresenta o podcast Virtual Legality. “Você realmente não quer entrar em um tribunal federal por algo que, mesmo se você ganhar, será um fardo caro e demorado.”
Procurada pela reportagem, a Nintendo não comentou o caso.