O uso de Inteligência Artificial por empresas gera receitas maiores, mas funcionários relatam desconforto em admitir seu uso.
Monitorar as notícias sobre uso de Inteligência Artificial por empresas e profissionais proporciona momentos curiosos. Muitas acabam se complementando, mas também se contrapondo. Por exemplo, de um lado, temos o efeito positivo da IA nas receitas das empresas e, de outro, o desconforto dos funcionários de admitir que estão usando ferramentas como ChatGPT nas suas tarefas.
Uma coisa é a resistência ao uso da IA. Mas outra é usar e ter medo de dizer que usa. Em um primeiro momento, o erro está na empresa por não tratar da implementação da IA na rotina com a atenção que o processo merece. E isso inclui protocolos com regras e diretrizes para que todos saibam o que pode ou não ser feito. Isso até elimina, de alguma forma, o medo de ser substituído e de perder relevância que pode estar por trás do receio de admitir que usa IA.
Mas será que esse medo faz sentido? Vamos por partes. Primeiro, o lado das empresas.
Receitas turbinadas
Os números contam uma história diferente do medo. Segundo o relatório “Reinventando as Operações Empresariais com IA Generativa”, feito pela Accenture, empresas que lideram com IA generativa têm crescimento de receita 2,5 vezes maior, 2,4 vezes mais produtividade e 3,3 vezes mais sucesso em escalar casos de uso da tecnologia do que seus concorrentes. Além disso, 74% das organizações relataram que os investimentos em IA generativa e automação atenderam ou superaram as expectativas.
Receio de trapaça
Já sobre o lado dos funcionários, quem ajuda a entender o cenário é um estudo da plataforma Slack, que entrevistou 17,3 mil trabalhadores em 15 países. Nele, 48% dos respondentes relataram desconforto em admitir para seus gestores que utilizam IA para realizar tarefas cotidianas. Entre os motivos estão o receio de parecer preguiçoso, menos competente ou de que a tecnologia seja vista como “trapaça”. No Brasil, esse desconforto é agravado por preocupações com segurança no emprego e substituição por IA.
E no final das contas?
Medo de IA (de usar ou de dizer que usa) é, em última análise, medo do desconhecido. Os estudos mostram que o impacto da IA é maior quando usada de forma estratégica, e não pontual. Não se trata de “vencer” a IA, mas de encontrar a harmonia entre nossas habilidades e suas capacidades.
Então, em vez de hesitar, pergunte-se: como você pode integrar a IA ao seu dia a dia para amplificar seu impacto? O primeiro passo é simples: teste, explore e, acima de tudo, deixe o medo para trás.
(*) Alexandre Gonçalves é jornalista, fundador da agenteINFORMA – conteúdo e produtos digitais, e desde março de 2023 edita a newsletter agenteGPT, onde compartilha insights e sua experiência de usuário do ChatGPT, além de realizar consultorias, palestras e oficinas sobre uso, boas práticas, redação de prompts e construção de GPTs customizados.