Pela primeira vez, autoridades dos EUA começarão a vacinar condores (Gymnogyps californianus), aves ameaçadas de extinção, contra um tipo de gripe aviária que se espalha globalmente, inclusive no Brasil.
O momento no país é crítico por conta de uma cepa H5N1, um tipo de gripe aviária altamente patogênica (HPAI, na sigla em inglês). O vírus se espalhou para um número muito alto de aves em diversos países, e durou mais do que um surto típico.
Até o momento, a cepa matou 200 milhões de aves nos últimos 18 meses, além de muitos mamíferos, segundo a agência de notícia Reuters. Apesar da novidade em terras norte-americanas, alguns países já vacinam aves, incluindo bandos comerciais, contra a gripe aviária.
Vacinação nos EUA
Na semana passada, cientistas aplicaram a vacina em 20 abutres-pretos (Coragyps atratus), que fazem parte da mesma família dos condores, mas não estão ameaçados de extinção, para testar a segurança e a eficácia da vacina.
Eles também vacinarão condores da Califórnia em cativeiro antes de vacinar a população selvagem durante uma verificação anual de saúde de rotina, como explicou à Nature, Ashleigh Blackford, coordenadora de condores da Califórnia no US Fish and Wildlife Service (FWS), com sede em Washington DC.
Esses imunizentes usam uma forma inativa de uma cepa H5N1 anterior.
O que dizem os cientistas
Várias vacinas contra o H5N1 estão disponíveis, mas a administração de imunizante às aves há muito tempo é controversa entre pesquisadores e fazendeiros.
De um lado, produtores se preocupam com o custo e a dificuldade de vacinar milhões de aves, além das restrições comerciais. Muitos países proíbem a importação dos animais vacinados devido à preocupação de que possam dificultar o rastreamento da propagação do vírus.
Segundo Blackford, "esta autorização abre a oportunidade de adicionar outra ferramenta para lidarmos com essa ameaça".
Para Karen Grogan, veterinária clínica de aves da Universidade da Geórgia, em Atenas, imunizar esses animais é um uso “perfeito” da vacina.
No entanto, a especialista explica que não está claro se será eficaz nos condores, porque foi licenciada para uso em galinhas. “Mesmo entre galinhas e perus”, que fazem parte da mesma família de aves, “a vacinação pode ser eficaz em um, mas não no outro”, diz ela.