A China começou a testar seu novo telescópio Lobster Eye Imager for Astronomy (Leia) ou, "olho de lagosta" na tradução. Ele foi ao espaço a bordo de um pequeno satélite SATech-01, lançado em julho. Os resultados do aparelho foram divulgados nesta semana no site ArXiv e depois com revisão da comunidade científica na revista Astrophysical Journal Letter.
O artigo se baseia nas primeiras imagens do Leia, que se concentram na região do centro galático do sistema estelar binário Scorpius X-1 e na nebulosa difusa Cygnus Loop.
O telescópio dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências (NAOC) revelou o primeiro lote mundial de mapas de raios-X de campo amplo do céu obtidos pela máquina.
Por que "olho de lagosta"?
Há tempos, cientistas que observam o universo distante às vezes são inspirados pelas diversas criaturas da Terra. A curiosidade por trás do nome "olho de lagosta" envolve não somente a grande habilidade do telescópio capturar o espaço com uma visão mais ampla, como a do animal que o inspirou, mas também o seu formato, que conta com inúmeros “olhos e sensores”.
Uma das características mais especiais do Leia são suas 36 lentes com microporos e quatro sensores de grande porte, todos desenvolvidos pela China. Os biólogos já sabem há tempos que o olho da lagosta é diferente dos outros animais — são compostos de numerosos tubos quadrados minúsculos, apontando para o mesmo centro esférico.
Com isso, a estrutura permite que a luz de todas as direções reflita nos tubos e se aproxime da retina, o que dá à lagosta um amplo campo de visão.
Foi em 1979 que um cientista americano propôs que o olho da lagosta fosse usado como base para criar um telescópio para detectar raios-X no espaço. A ideia, no entanto, não foi concretizada por muito tempo até a tecnologia de microprocessamento melhorar o suficiente para torná-la possível.
Agora, os chineses desenvolveram essas lentes tipo olho de lagosta, cobertos com minúsculos orifícios quadrados da espessura de um fio de cabelo.
O Laboratório de Imagens de Raios-X do NAOC iniciou o trabalho de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia de imagens com essa técnica em 2010 e finalmente fez um avanço.
"Percebemos a aplicação de sensores CMOS para observações astronômicas de raios-X no espaço pela primeira vez. É uma inovação importante na tecnologia de detecção de astronomia de raios-X", disse em outubro Ling Zhixing, cientista do NAOC.