O Telegram segue fora do ar após ter sido bloqueado na tarde de quarta-feira (26) por uma determinação da Justiça Federal do Espírito Santo.
Até as 14h20 desta sexta-feira (28), o serviço continuava fora do ar, segundo testes de Byte.
Entenda porque o Telegram foi suspenso no Brasil
- A Justiça Federal do Espírito Santo determinou em 19 de abril que o app entregasse dados de grupos e usuários suspeitos de planejar ataques em escolas;
- Segundo a Polícia Federal, o Telegram se recusou a fornecer informações;
- Na quarta-feira (26), a Justiça Federal do Espírito Santo afirmou que o aplicativo cumpriu apenas parcialmente a ordem judicial, fornecendo as informações do administrador, mas não de todos os usuários dos grupos;
- Uma nova decisão determinou a suspensão temporária do Telegram no Brasil e o aumento da multa de R$ 100 mil para R$ 1 milhão por cada dia de atraso no cumprimento da decisão, ou 5% do faturamento da empresa no Brasil em 2022;
- Na quinta-feira (27), o CEO do Telegram, Pavel Durov, afirmou em seu canal na plataforma que trabalhava para "preservar a privacidade e a liberdade de expressão" e que o pedido das autoridades brasileiras é "tecnologicamente impossível" de ser atendido.
Detalhes do caso
No dia 19 de abril, a Justiça Federal do Espírito Santo determinou que o Telegram entregasse dados de grupos e usuários suspeitos de planejar ataques em escolas em um prazo de 24 horas, pedido feito pela Polícia Federal.
Na sexta-feira (21), a plataforma forneceu apenas informações do administrador do chat e alegou que era impossível fornecer informações de todos os usuários, pois o chat já havia sido excluído.
A Justiça considerou a justificativa da empresa insuficiente e, por isso, determinou a suspensão temporária do Telegram no Brasil e multa de R$ 1 milhão por dia de atraso no cumprimento da decisão, ou 5% do faturamento da empresa no Brasil em 2022, o que for menor.
A decisão ocorreu em meio a uma série de investigações após ataques a escolas em São Paulo e Santa Catarina. Após os atentados, o Ministério da Justiça ordenou a retirada de quase 800 perfis nas redes sociais por incentivar a violência.
Telegram quer preservar privacidade, diz CEO
O criador e CEO do Telegram, Pavel Durov, postou em seu canal no aplicativo que a plataforma tem como missão "preservar a privacidade e a liberdade de expressão" e que o pedido da PF é "tecnologicamente impossível" de ser atendido.
Durov citou ainda casos de outros países que bloquearam o Telegram e disse que, em algumas situações, quando a justiça impõe "requerimentos tecnologicamente inalcançáveis", o mensageiro abandonou suas operações por lá.
Histórico
Esta não é a primeira vez que o Telegram tem problemas com a Justiça no Brasil. Desde 2021, por diversas vezes autoridades denunciaram inação por parte mensageiro em medidas de combate às fake news no contexto das eleições de 2022.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até considerou banir o app no Brasil, mas uma parceria firmada entre a Corte e o Telegram para barrar fake news acalmou a situação.
As falhas do Telegram, segundo especialistas
- Regras de comunidade escassas e/ou imprecisas;
- Poucas atitudes de moderação adotadas pela empresa para a suspensão de conteúdo;
- Sede no exterior, o que dificulta o contato com representantes;
- Resistência a entregar dados às autoridades;
- Possibilidade de listas de transmissão e grupos com centenas de milhares de pessoas.