A inteligência artificial (IA) está moldando os Jogos Olímpicos de Paris e elevando o padrão de performance. A tecnologia é aplicada desde as transmissões ao vivo até no apoio a atletas e árbitros.
Dentre as novidades, estão os equipamentos com sensores incorporados que coletam dados em tempo real, permitindo que treinadores ajustem os programas de treinamento para maximizar o desempenho e minimizar o risco de lesões.
Com essa análise detalhada, os atletas podem identificar áreas de melhoria e adaptar suas rotinas com precisão.
“Nos Jogos Olímpicos 2024, a tecnologia está influenciando e revolucionando o treinamento esportivo. É possível observar como esses insights podem fazer a diferença, permitindo que os atletas atinjam novos níveis de desempenho enquanto minimizam o risco de lesões”, disse em comunicado o especialista em dados e inovação e professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Kenneth Corrêa.
Quatro áreas nas quais a IA está transformando a Olimpíada
Transmissão ao vivo com IA
A NBCUniversal está liderando uma revolução nas transmissões dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 com a introdução do “OLI”, um sistema de chat impulsionado por IA.
“Esse assistente virtual inteligente permite que os espectadores interajam naturalmente, fazendo perguntas sobre programação, informações de atletas e opções de visualização em tempo real”, completa Kenneth.
Com a colaboração do Google, insights gerados por IA enriquecem a experiência dos espectadores. Um exemplo disso é a recriação da voz do lendário locutor Al Michaels para narrar recapitulações diárias personalizadas na plataforma Peacock.
Parcerias tecnológicas avançadas
O Olympic Broadcasting Services (OBS) e a Alibaba estão transformando a visualização de replays olímpicos com o OBS Cloud 3.0, que utiliza IA para criar sistemas de replay multicâmera em 14 locais diferentes.
Essa tecnologia oferece visualizações de vários ângulos e reconstruções 3D em tempo real, permitindo análises mais profundas para os espectadores.
“Vale lembrar que pela primeira vez na história olímpica, o conteúdo será transmitido em Ultra Alta Definição (UHD), oferecendo uma experiência visual sem precedentes", comenta o especialista.
Análise de desempenho e previsão de lesões
A Intel está na vanguarda da análise de desempenho com sua tecnologia Gaudi AI, fornecendo dados instantâneos e personalizados para equipes olímpicas. Sensores biométricos e câmeras de alta velocidade capturam dados sobre o desempenho dos atletas, auxiliando treinadores em decisões táticas cruciais.
O AthleteGPT, um chatbot alimentado por IA, oferece suporte logístico e estratégico aos atletas, enquanto a análise de dados ajuda a prever lesões e otimizar estratégias de recuperação.
“Com base nesses insights, os treinadores podem ajustar os regimes de treinamento, personalizar planos de recuperação e implementar medidas preventivas. Isso não apenas reduz o risco de lesões, mas também otimiza o desempenho de pico. Na natação, por exemplo, a IA pode analisar a técnica de braçada e sugerir micro-ajustes que podem fazer a diferença entre o ouro e a prata. Esta abordagem preditiva e personalizada está elevando o nível de cuidado com os atletas, permitindo que eles compitam no seu melhor, com menor risco de lesões”, afirma Corrêa.
Auxílio à arbitragem
A IA está transformando a precisão das decisões de arbitragem nos Jogos Olímpicos. No mergulho, por exemplo, a tecnologia analisa cada movimento em milissegundos, fornecendo dados precisos sobre ângulos, rotações e entrada na água, reduzindo a margem de erro humano.
Na ginástica, sistemas de visão computacional verificam a execução de movimentos complexos, oferecendo ferramentas adicionais para árbitros tomarem decisões mais informadas e consistentes.
Os especialistas ressaltam que a IA não está substituindo os árbitros humanos, mas sim fornecendo-lhes ferramentas adicionais para tomar decisões mais informadas e consistentes.
“Esta abordagem híbrida combina a experiência humana com a precisão tecnológica, elevando o padrão de arbitragem e potencialmente reduzindo controvérsias em esportes onde o julgamento subjetivo tem sido historicamente um desafio”.