A Polícia Civil de São Paulo desmantelou uma organização criminosa especializada em fraudes virtuais que enganou mais de 2 mil pessoas em todo o Brasil. O esquema envolvia a criação de sites falsos de grandes varejistas, onde produtos inexistentes eram vendidos. A investigação, iniciada em Presidente Prudente (SP), prendeu 20 suspeitos em diferentes estados, mas sete continuam foragidos.
As páginas fraudulentas replicavam com precisão o layout e os detalhes dos sites oficiais, incluindo produtos, promoções e até o design gráfico. "Tratavam-se, na verdade, de sites clonados, fakes criados de maneira muito idêntica", explicou o delegado responsável pelo caso em entrevista ao Fantástico neste domingo (17).
Um dos afetados foi Humberto de Alfredo Marcondes, que tentou comprar uma Airfryer em um site falso, acreditando tratar-se de uma grande rede varejista. Após realizar a transação via Pix, o comprador percebeu que havia sido enganado quando perdeu o contato com o suposto vendedor, mostrou a reportagem.
Golpe arquitetado por jovem de 22 anos
Lucas de Giovani Garcia, apontado como líder do esquema, foi preso em Santo André (SP). Aos 22 anos, ele era responsável pela criação dos sites clonados e pelo monitoramento das vítimas. Segundo a polícia, mais de mil pessoas acessaram uma única página fraudulenta.
Além de Lucas, a quadrilha contava com "recrutadores" que convenciam pessoas a emprestarem contas bancárias para movimentar o dinheiro obtido nos golpes. Em mensagens, o líder enviava respostas ofensivas às vítimas que tentavam reclamar, como: "Você é feia. Seu prejuízo foi quando você nasceu".
Os valores arrecadados pelo grupo somam dezenas de milhões de reais, usados inclusive para financiar viagens de Lucas, que assistia aos jogos do Corinthians.
Plataformas sob alerta
A Meta, responsável pelo Facebook e Instagram, foi notificada pela polícia sobre os anúncios fraudulentos e removeu as propagandas dois dias depois. Em nota, a empresa afirmou que atividades enganosas não são permitidas em suas plataformas e que está aprimorando suas tecnologias para combatê-las.
Especialistas reforçam que redes sociais têm responsabilidade sobre esse tipo de crime, especialmente porque lucram com os anúncios patrocinados. "Esses anúncios passam a impressão de legitimidade para os consumidores, aumentando a vulnerabilidade", destacou o diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), ao Fantástico.