A inteligência artificial (IA) atingiu um nível de realismo que desafia a distinção entre rostos criados por máquinas e rostos humanos reais, alertou um recente estudo conduzido pela Universidade Nacional Australiana (ANU, na sigla em inglês).
A pesquisa liderada pela psicóloga cognitiva da Escola de Pesquisa em Psicologia da ANU, Amy Dawel, mostrou que os rostos gerados por IA podem ser interpretados como mais humanos do que rostos reais. Os resultados foram publicados na revista científica Psychological Science.
Os rostos sintéticos, gerados através da ferramenta de inteligência artificial StyleGAN2 da Nvidia, apresentam semelhanças com as proporções faciais ideais humanas, levando a uma confusão na percepção IA e realidade.
A pequisa
O estudo, que envolveu 124 participantes nos EUA, avaliou que rostos brancos gerados por IA foram considerados mais humanos do que imagens reais, sugerindo uma capacidade do sistema de imitar aspectos faciais característicos.
Na imagem acima, os rostos de número: 1, 3, 5, 8 e 9 foram criados por inteligência artificial.
A dificuldade em discernir rostos de IA de rostos reais representa um desafio, especialmente quando cerca de quatro em cada cinco rostos identificados como humanos eram, na verdade de IA, e vice-versa.
Isso levanta preocupações sobre o potencial dessas imagens "hiper-realistas" na propagação de desinformação e roubo de identidade online, alimentando perfis falsos com aparência genuína.
Segundo Dawel e sua equipe, as diferenças físicas entre a IA e os rostos humanos podem diminuir à medida que a tecnologia evolui, tornando ainda mais difícil distinguir entre eles.
A questão do preconceito racial também é apontada, já que os algoritmos de IA tendem a ser treinados com mais frequência em rostos brancos, potencialmente ampliando a percepção de realismo associada a esses tipos de rostos e gerando desafios adicionais para representações precisas de indivíduos de cor.
Discussão
Anteriormente, uma pesquisa da Royal Holloway University of London mostrou que, apesar da percepção e técnicas dos humanos para identificar fotos, muitas pessoas não conseguem distinguir com segurança entre imagens de rostos reais e conteúdos gerados por computador.
O estudo foi publicado na revista científica iScience. Segundo os pesquisadores, a falha em distinguir esses rostos artificiais dos reais tem implicações em nosso comportamento online.
Os autores da análise mais recente, da ANU, destacam a necessidade de conscientização sobre a capacidade de realismo percebido dos rostos de IA, a fim de promover um maior ceticismo em relação às imagens visualizadas online.
Eles afirmam que a IA pode, paradoxalmente, tornar-se a solução para distinguir precisamente entre rostos de IA e humanos, sugerindo a necessidade de ferramentas tecnológicas capazes de identificar com exatidão esses impostores digitais.