Não nos cansamos de ver vídeos de pets fazendo todo o tipo de gracinhas e truques na internet – mas a verdade é que cães e gatos, protagonistas da imensa maioria de todos os tipos de fofura, estão longe de pontuar entre os animais mais inteligentes da Terra.
A medalha de ouro, na verdade, vai para um bicho muito menos simpático do que os animais domésticos, que chega até a ser escalado para participações em diversas histórias de terror: o corvo. Segundo a cientista Anne Marie Helmenstine, doutora em ciências biomédicas pela Universidade do Tennessee, o pássaro negro tem a inteligência equiparável a uma criança humana de sete anos.
A cientista pontua, entretanto, que medir a inteligência dos animais é um exercício multifacetado, que não envolve uma só característica. Portanto, se o leitor acreditava que polvos, chimpanzés, elefantes ou golfinhos seriam os selecionados como mais inteligentes, é porque, de fato, cada um tem uma habilidade ou maneira de demonstrar inteligência que os torna únicos, dependendo do ponto de vista.
Helmenstine explica que o padrão é buscar nos bichos sinais de que eles compreendem a própria existência, depois, testar habilidades sociais, capacidade emocional, atitudes na hora de resolver problemas, e até habilidades matemáticas ou lógicas.
No caso dos corvos, chama atenção o fato de que estes pássaros são os únicos vertebrados não primatas capazes de inventar suas próprias ferramentas, como lanças, ganchos, e até arames dobrados por eles mesmos.
Na fábula "O corvo e o jarro ", um corvo sedento joga pedras em um jarro de água para elevar o nível da água e beber. Cientistas tentaram replicar o experimento na vida real, colocando um petisco flutuando em um tubo profundo, e se surpreenderam ao constatar que, de fato, os corvos do experimento jogaram objetos densos no tubo para elevar o nível da água e, assim, pegar o petisco.
Para se ter uma ideia, crianças humanas não adquirem essa compreensão do deslocamento de volume antes dos cinco anos.
Os corvos também reconhecem rostos humanos e comunicam conceitos complexos com outros corvos – incluindo fofocas.
Um estudo da Universidade de Washington que capturou corvos, os marcou e os libertou, mostrou que as aves marcaram quem eram e ficaram especificamente zangadas com os cientistas que tinham tirado o seu sossego. Mais do que isso, os pesquisadores começaram a reparar que até mesmo corvos que não tiveram envolvimento na primeira captura estavam zangados com os mesmos cientistas responsáveis por incomodar os outros corvos.
Estas aves não só têm uma boa memória do passado, mas também conseguem pensar no futuro.
Quando um corvo esconde comida, ele olha em volta para ver se está sendo observado. Se houver outro animal observando, o corvo fingirá esconder seu alimento, mas, na verdade, o esconderá em suas penas e voará para encontrar um novo local secreto.
Agora, se um corvo vê outro corvo “escondendo” seu prêmio, ele é capaz de prever esta troca e não será enganado. Em vez disso, seguirá o corvo que fingiu esconder para descobrir onde ele esconde a comida de verdade.
Os corvos também conseguem se adaptar a dinâmicas da vida humana com uma facilidade surpreendente. Eles já vistos soltando nozes nas faixas de tráfego, para que os carros passassem por cima e abrissem a casca, e até vigiando semáforos, esperando travessia de pedestres ser liberada para poder pegar os frutos abertos -- o que, por sinal, coloca este animal na vantagem em comparação com muitos seres humanos.
Além disso, sabe-se que corvos memorizam horários de restaurantes e dias de lixo, para aproveitar os melhores horários de coleta de restos de comida.
Muitos outros ascpetos sobre a inteligência dos corvos ainda é uma incógnica para cientistas, como por exemplo detalhes sobre a comunicação que estas aves realizam entre si.
Algumas outras aves, como os papagaios, também chama a atenção no que se refere à inteligência. Mas seu bico curvo, por exemplo, as impedem de utilizar ferramentas, como os corvos fazem -- o que traz de novo à tona o dilema da medição de inteligência enfrentado pelos cientistas.