A guerra pela contratação de talentos em Inteligência Artificial escalou com a volta de Noam Shazeer ao Google, junto com o engenheiro Daniel de Freitas.
A guerra pela contratação de talentos em Inteligência Artificial escalou violentamente com um chequinho de US$ 2,7 bilhões, assinado pelo Google. Foi o preço de trazer de volta à empresa uma das maiores mentes do setor, Noam Shazeer. Junto vem um brilhante brasileiro, sócio de Noam, o engenheiro Daniel de Freitas (os dois da foto). A disputa só vai esquentar mais e mais.
Shazeer tem longa história com o Google, que começou em 2000. Ele saiu em 2021, quando a empresa decidiu não lançar seu projeto de chatbot. Foi o que levou a criar a Character.AI. No início de 2024, sua empresa foi avaliada em US$ 1 bilhão após um aporte liderado pelo fundo Andreessen Horowitz .
A Character.AI ficou conhecida pelos seus chatbots personalizáveis. Alguns simulam celebridades. Você pode conversar com Billie Eilish ou Elon Musk; heróis imaginários como Tony Stark; ou até bater um papo sobre filosofia com Sócrates. E pode criar seu próprio chatbot personalizado, que é a grande graça. Vai lá testar, é muito legal.
Agora o Google faz um acordão com a Character.AI. Mas o foco vai além do licenciamento da tecnologia. Nos bastidores, se sabe que a principal condição pra fechar o negócio era trazer Shazeer de volta.
Agora ele volta a botar seu cérebro pra pensar a evolução da IA no ambiente Google, inclusive no Gemini. Em vez de ser gestor de sua própria empresa, lidando com todas as chatices e pressões de fazer um negócio prosperar, Shazeer e seu time de confiança podem se dedicar muito mais à criação.
O acordo com Shazeer é de cair o queixo, mas não é caso tão isolado assim. Uma reportagem já contou que a OpenAI supostamente ofereceu pacotes de 10 milhões de dólares para funcionários de outras empresas trocarem de emprego.
O setor de tecnologia global tem tido muitas demissões. A área de IA vai no sentido contrário. As empresas estão pagando preços premium por talentos de ponta, cientistas, pesquisadores, criadores.
Essa "corrida armamentista" levanta questões importantes. Será que ela pode levar a gastos insustentáveis? Como isso impactará a pesquisa acadêmica? Muitos cientistas estão largando as universidades e sendo contratados a peso de ouro.
Há uma grande quantidade de brasileiros talentosos, como o próprio Daniel de Freitas, que já colaboram para a evolução da IA. Temos a alegria de contarmos com muitos na Woopi Stefanini. E mais virão.
Na nova fase tecnológica em que entramos com a IA Generativa, nada é mais crucial que o talento. Como sempre – e mais do que nunca.
(*) Alex Winetzki é CEO da Woopi e diretor de P&D do Grupo Stefanini, de soluções digitais.