Rússia usa Tom Cruise feito por IA para bagunçar Olimpíadas, acusa Microsoft

Agentes ligados à Rússia produziram documentário com Tom Cruise gerado por IA para atacar as Olimpíadas de Paris, diz relatório da Microsoft

5 jun 2024 - 02h03
(atualizado às 06h15)

O Centro de Análise de Ameaças da Microsoft (MTAC) publicou um relatório acusando o que seria uma série de estratégias adotadas pela Rússia para espalhar desinformação sobre os Jogos Olímpicos de Paris 2024. As medidas, segundo a pesquisa, incluiriam notícias falsas que afetam a reputação da França e geram expectativa de casos de violência durante os Jogos — e ainda contam com um documentário falso que usa uma voz gerada por IA do ator Tom Cruise.

Foto: Reprodução/Paramount Pictures / Canaltech

Documentário com falso Tom Cruise

As informações foram detalhadas pela Microsoft no relatório "Esforços de influência russa convergem nos Jogos Olímpicos de Paris 2024". O primeiro registro de atividade russa teria acontecido em junho do ano passado, quando um perfil de nome Storm-1679, supostamente ligado às autoridades russas, publicou um documentário chamado "As Olimpíadas falharam" (em tradução livre) no Telegram.

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O vídeo possui o logo da Netflix, usa matérias falsas atribuídas a jornais famosos, como BBC e Washington Post, e ainda conta com uma narração gerada por IA com a voz do ator das franquias Missão Impossível e Top Gun. Toda a narrativa é voltada a atacar o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a organização dos Jogos com o auxílio de "efeitos especiais gerados por computador", segundo o relatório.

Agentes supostamente ligados à Rússia publicaram documentário falso com narração de Tom Cruise gerada por IA (Imagem: Reprodução/MTAC)
Foto: Canaltech

Outros ataques

O documento aponta outros casos de desinformação sobre os Jogos Olímpicos, dessa vez com o objetivo de espalhar o pânico para uma possível ameaça de atos terroristas durante o evento. 

Há uma série de vídeos com acusações falsas, como um relatório da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) sobre os riscos de segurança nas Olimpíadas e uma notícia falsa que informava que 24% dos ingressos foram devolvidos com medo das ameaças de violência.

Além disso, o MTAC cita que outros agentes ligados à Rússia teriam criado notícias falsas para atacar o governo francês e o presidente Emmanuel Macron — isso tem relação com a guerra entre Rússia e Ucrânia, visto que Macron é um dos políticos mais incisivos sobre a defesa dos ucranianos e já sugeriu enviar tropas francesas ao conflito.

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Relatório compilou notícias falsas com o objetivo de gerar expectativa de violência durante as Olimpíadas (Imagem: Reprodução/MTAC)
Foto: Canaltech

A Embaixada da Rússia na França não comentou o relatório da Microsoft, mas publicou uma nota sobre para condenar uma campanha de declarações "russofóbicas" da imprensa francesa. No comunicado, o órgão disse que a Rússia  "nunca interferiu ou interfere nos assuntos internos da França" e ainda comentou que "o país tem outras prioridades mais importantes".

Rússia nas Olimpíadas

É importante reforçar que a federação russa não poderá ser representada durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024 como forma de punição pela guerra na Ucrânia. No lugar disso, atletas russos e bielorrussos poderão competir individualmente sob uma bandeira neutra e inscrição de Atletas Neutros Individuais, mas estão banidos da cerimônia de abertura.

Algo parecido aconteceu nas Olimpíadas de Tóquio 2020, mas por motivos diferentes: na ocasião, a Rússia foi banida de grandes competições internacionais acusada de fraudar resultados de testes antidoping. Atletas e equipes que não tiveram relação comprovada com o escândalo puderam competir, mas sob a alcunha de "Comitê Olímpico Russo".

Os Jogos Olímpicos de Paris começam no dia 26 de julho e a atividade russa contra o evento deve apenas aumentar, de acordo com o MTAC. O relatório da Microsoft reforça que o conteúdo malicioso pode ser expandido para mais idiomas, como inglês e alemão, deve usar IA generativa para alcançar o público e pode contar com bots automatizados em redes sociais.

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