A revista Nature publicou um estudo na quarta-feira (12) mostrando que 42% dos infectados pela covid-19 de forma sintomática ainda se sentem apenas parcialmente recuperados. O período abordado foi até 18 meses após a contaminação. Uma parcela menor, de 6%, revela não ter melhorado em nada dos sintomas, e nos pacientes que chegaram a ser internados, a persistência de sintomas foi mais comum (59%).
O estudo, feito pela Universidade de Glasgow com as universidades de Edimburgo e Aberdeen e em parceria com o órgão de saúde pública escocês, teve o objetivo de abordar limitações existentes em outros estudos sobre a doença até então. Também determinou a frequência, natureza, fatores determinantes e impactos da chamada “covid longa” na população.
Denominado Long-CISS (em português, Estudo de Covid na Escócia), o levantamento coletou informações de 33.281 escoceses que relataram ter tido a doença com outros 62.957 que não tiveram. Os pacientes foram monitorados por meio de questionários submetidos com seis, 12 e 24 meses após a infecção. O estudo também possuía vínculo a registros de internação e morte, caso ocorressem.
O órgão de saúde pública da Escócia foi muito importante em todo o processo porque foi por meio dele que os pesquisadores puderam ter acesso aos pacientes que recebiam diagnóstico positivo da doença. Assim, um convite era enviado a eles convidando-os a participarem do estudo.
Resultados
Entre os sintomas contínuos mais comuns nos pacientes da covid-19 estão: falta de ar, dor no peito, palpitações e confusão mental. Considerando o grupo que continuou com sintomas, apenas 13% melhoraram com o tempo, enquanto 11% pioraram.
Para os que tiveram alterações no olfato e no paladar, foi registrada uma maior probabilidade para sintomas potencialmente cardiovasculares (como falta de ar, dor no peito e palpitações). Já os assintomáticos não registraram aumento de sintomas atuais, atividades diárias prejudicadas ou internação e óbito.
A falta de recuperação total da doença foi observada com maior frequência em determinados grupos, sendo eles: mulheres; pessoas de idade mais avançada; indivíduos com condições de saúde preexistentes, como doença respiratória e depressão; e os que chegaram a ser hospitalizados pela covid-19.
Também foi visto que pessoas vacinadas tiveram uma menor probabilidade de relatar sintomas persistentes como alteração no sabor e olfato, audição, apetite ruim, problemas de equilíbrio, dificuldades de concentração e ansiedade ou depressão.
"Nosso estudo é importante porque aumenta nossa compreensão da "covid longa" na população em geral, não apenas nas pessoas que precisam ser internadas no hospital com covid-19. Ao comparar os sintomas com os não infectados, conseguimos distinguir problemas de saúde devido à covid-19 e problemas de saúde que teriam acontecido de qualquer maneira", afirma Claire E. Hastie, professora de saúde pública da Universidade de Glasgow, que lidera o estudo.
O cientista consultor de saúde da Public Health Scotland, Andrew McAuley, também destaca que estar totalmente vacinado contra a covid-19 pode reduzir a probabilidade de desenvolver "covid longa". Por isso é importante que todos aumentem sua proteção com a vacinação.