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'Split Fiction' e 'It Takes Two': o que explica o sucesso dos novos jogos colaborativos de videogame

Os jogos de videogames nos quais a ideia é atingir uma meta por meio da colaboração se tornaram fenômenos de vendas.

3 abr 2025 - 10h06
Os jogos colaborativos se transformaram na nova tendência na indústria de videogames
Os jogos colaborativos se transformaram na nova tendência na indústria de videogames
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Quando pensamos em videogames, geralmente imaginamos um ambiente de competição. Muitos dos jogos mais populares, como Fortnite e Call of Duty, são focados em superar os oponentes, em ter mais poder, em ser o melhor.

Mas, como mostraram Josef Fares e seu estúdio Hazelight, isso não é tudo que os jogadores querem. Seu último jogo, chamado Split Fiction, é uma experiência colaborativa na qual dois jogadores trabalham juntos para resolver quebra-cabeças e superar obstáculos.

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Este jogo de aventura recebeu ótimas críticas e vendeu quase 1 milhão de cópias nas primeiras 48 horas após seu lançamento. Também está entre os jogos mais assistidos na plataforma de streaming Twitch.

Mas ele não é um caso isolado de sucesso. O jogo anterior lançado pelo estúdio, It Takes Two, que tem a mesma base colaborativa, vendeu cerca de 20 milhões de cópias e ganhou o prêmio de Jogo do Ano.

Mas o que atrai os jogadores para essas experiências colaborativas?

Josef Fares e seu estúdio Hazelight se tornaram pioneiros dos jogos colaborativos.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Evitar o isolamento

Um relatório da empresa de análise Midia Research descobriu que os jogos cooperativos eram especialmente populares entre jovens de 16 a 24 anos.

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A empresa conversou com quase 9.000 jogadores em todo o mundo. Na pesquisa, 40% das pessoas nessa faixa etária indicaram que era sua forma preferida de jogar.

O relatório observa que "o jogo cooperativo faz parte do que os consumidores mais jovens desejam" e sugere que os desenvolvedores busquem incorporar elementos colaborativos em seus próximos jogos.

Os jogos cooperativos também são populares entre os streamers que transmitem seus jogos ao vivo em consoles ou computadores.

E eles se tornaram uma fonte de momentos virais.

Por exemplo, jogos como Chained Together, em que jogadores trabalham juntos para escapar das profundezas do inferno, se tornaram um sucesso graças a streamers como Kai Cenat e iShowSpeed.

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Melissa e Jonn-Mark, do Reino Unido, postaram vídeos deles jogando Split Fiction juntos no TikTok.

O jogo é centrado em uma autora de fantasia chamada Zoe e em um escritor de ficção científica chamado Mio, que estão presos em versões simultâneas de suas próprias histórias.

Melissa, uma leitora voraz, afirma que se identificou com a trama da história, mas a ideia de poder jogar com outra pessoa foi o que a levou a comprar o jogo.

O jogo Split Fiction se tornou um fenômeno, principalmente pelo seu espírito colaborativo e não competitivo
Foto: EA/Hazelight / BBC News Brasil

"Muito do tempo que você passa jogando videogame é isolado de outras pessoas, e é bom estar com alguém, passar bons momentos juntos", disse Melissa à BBC.

Jonn-Mark ressalta que os jogos online podem ser muito competitivos, o que pode torná-los estressantes. "Não quero voltar para casa cansada e ter que me concentrar 100% apenas para me sair bem no jogo", disse.

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"Com este jogo, por outro lado, posso sentar, relaxar e aproveitar a experiência."

Jonn-Mark e Melissa dizem que os jogos cooperativos servem como uma pausa do jogo competitivo
Foto: Jonn-Mark and Melissa / BBC News Brasil

Uma tendência que se multiplica

Embora a abordagem da Hazelight seja única, outras empresas começaram a implementar modos cooperativos em seus videogames.

A produtora britânica Supermassive, especializada em "filmes de terror interativos", tornou o modo cooperativo um padrão em seus jogos depois de lançar seu filme de sucesso, Until Dawn (Até o amanhecer, em tradução livre para o português).

Os desenvolvedores notaram que os participantes começaram a jogar no modo de jogador único, mas se revezar usando o controle à medida que a narrativa progride (a história pode mudar conforme as decisões tomadas no jogo).

Os jogos sociais competitivos também são muito populares. Alguns dos títulos mais vendidos da Nintendo — Mario Kart 8 e a série Mario Party — costumam ser jogados por amigos em torno de uma televisão.

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Nos últimos anos, os desenvolvedores tentaram replicar o sucesso dos chamados jogos de "serviço ao vivo", como Fortnite, que constantemente fazem melhorias e retêm jogadores por meses ou até anos.

Se bem feito, as recompensas financeiras potenciais de um jogo como esse são enormes. Mas conseguir algo assim em um mercado tão saturado quanto o de videogames se tornou muito difícil.

Como a indústria de videogames continua enfrentando demissões em massa, fechamentos de estúdios e queda no investimento, poucas produtoras estão dispostas a correr riscos.

Jogos competitivos podem isolar os jogadores
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Josef Fares acredita que talvez esteja sendo dada muita atenção ao resultado final.

"Os produtores devem confiar nos desenvolvedores", observou ele. "Mas acho que os desenvolvedores devem ter uma visão clara e ser fiéis ao que acreditam."

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Ele admite, no entanto, que nem todo mundo compartilha a história de seu estúdio ou sua personalidade. "Eu sou... como dizer isso, uma raça diferente", afirmou.

Quando ele estava dirigindo seu primeiro jogo, Brothers: A Tale of Two Sons, o feedback de alguns dos primeiros testes foi "muito ruim".

"Pensei: 'Eles estão errados, estão errados, porque eu sei que é ótimo."

Ele falou no passado sobre resistir à pressão para incluir microtransações (compras no jogo) em seus projetos e continua firme, apesar do relacionamento próximo de seu estúdio com a EA, uma das maiores editoras e publicadora de jogos eletrônicos do mundo.

"Não espero que todos sejam como eu, mas é isso que eu sou, com minha extrema confiança", observa Fares. "Adoro o que fazemos. Permanecemos fiéis à visão daquilo em que acreditamos."

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"Mantenha a visão, coloque-a em prática. E acho que se você realmente ama o que faz, as pessoas também vão adorar", acrescenta.

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