A crosta lunar inicial, que constitui a superfície da Lua, foi consideravelmente enriquecida em água há mais de 4 bilhões de anos, segundo estudo conduzido pela Western University, nos EUA.
A descoberta foi descrita em um relatório publicado nesta segunda-feira (15) na revista Nature Astronomy. E, segundo os especialistas, contraria o conhecimento anterior sobre a composição da superfície lunar.
"Podemos finalmente começar a juntar as peças deste estágio desconhecido da história lunar. Descobrimos que a crosta inicial da Lua era mais rica em água do que esperávamos", disse a pós-graduanda Tara Hayden em entrevista ao Phys.Org.
Ela atualmente trabalha como cosmoquímica com o geólogo planetário Gordon "Oz" Osinski no departamento de ciências da Terra da Western University.
Para esta pesquisa, Hayden trabalhou com um meteorito que ela classificou como vindo da Lua —enquanto estudante de pós-graduação na The Open University, no Reino Unido. A cientista identificou, pela primeira vez, o mineral apatita (o fosfato mais comum) em uma amostra da crosta lunar primitiva.
"Os meteoritos lunares estão revelando partes novas e emocionantes da evolução da Lua e expandindo nosso conhecimento além das amostras coletadas durante as missões Apollo. À medida que a nova etapa da exploração lunar começa, estou ansiosa para ver o que aprenderemos com o outro lado lunar", disse Hayden.
As amostras da Apollo foram inicialmente consideradas "pobres em volatilidade" ao retornarem da Lua, levando à amplamente conhecida descrição da Lua como "seca até os ossos".
"Tive tanta sorte que o meteorito não só veio da Lua, mas, notavelmente, apresentava uma química tão vital para a nossa compreensão sobre os minerais lunares contendo água", disse Hayden ao Phys.Org.
O estudo focou no mineral apatita, que contém elementos voláteis em sua estrutura mineral. A apatita foi encontrada em todos os tipos de rochas lunares, exceto nas contas de vidro e anortositos ferroanos, estes últimos representando a crosta lunar inicial.
A descoberta de apatita neste tipo de rocha permitiu pela primeira vez o exame direto deste estágio desconhecido da evolução lunar.
Mahesh Anand, professor de ciência planetária e exploração na Universidade Aberta e supervisora principal de Tara Hayden, disse ao Phys.Org que as amostras de rochas antigas da Lua, na forma de meteoritos lunares, proporcionaram uma excelente oportunidade para realizar as investigações.
"Desvendar a história da água na crosta lunar formada há aproximadamente 4,5 mil bilhões de anos é importante para melhorar a nossa compreensão da origem da água no sistema solar", disse Mahesh Anand.