Modelo brasileiro MONAN preveu com precisão a formação, trajetória e dissipação do furacão Helene nos Estados Unidos.
O recém-desenvolvido Modelo para Previsões de Oceano, Terra e Atmosfera (MONAN), criado pela comunidade científica brasileira, demonstrou seu potencial ao prever com precisão a formação, trajetória e dissipação do furacão Helene, que atingiu o continente norte-americano na semana passada.
A tecnologia é liderada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e promete transformar a forma como eventos climáticos extremos são antecipados, tanto no Brasil quanto globalmente.
O furacão Helene, classificado como categoria 4, registrou ventos de 140 km/h e se formou sobre o Golfo do México no dia 24 de setembro, atingindo a costa da Flórida três dias depois. O fenômeno causou grandes estragos em estados como Flórida, Geórgia, Virgínia e Carolina do Norte, deixando milhões de pessoas sem eletricidade e resultando em cerca de 160 mortes.
De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), o Helene é um dos furacões mais poderosos a atingir os Estados Unidos nos últimos anos.
Segundo o pesquisador Saulo Freitas, chefe da Divisão de Modelagem Numérica do Sistema Terrestre do Inpe e líder do projeto MONAN, a capacidade de prever com precisão furacões como o Helene é um marco importante para o modelo, que ainda está em fase de testes.
“Estamos avaliando a capacidade dele de simular eventos extremos. Furacões são os sistemas meteorológicos mais severos e difíceis de simular. Assim, este é um excelente teste para avaliar a dinâmica e a física do modelo”, explicou Freitas em comunicado.
Avanços na previsão de eventos climáticos extremos
O MONAN foi projetado para melhorar a capacidade de prever fenômenos meteorológicos e climáticos de alta severidade, como furacões, ciclones e tempestades tropicais.
A previsão do furacão Helene, feita em duas resoluções espaciais (15 km e 30 km), destacou a eficiência do modelo ao simular fenômenos complexos. Embora ainda não esteja em operação plena, o MONAN entrará em uma fase avançada de testes com o apoio de um novo supercomputador a ser implementado nos próximos meses.
Além de prever eventos extremos como o furacão Helene, o MONAN tem como foco as condições climáticas do Brasil, buscando melhorar a precisão das previsões meteorológicas em áreas tropicais e subtropicais da América do Sul.
“A relação está em avaliar o modelo físico e o grau de realismo ao simular sistemas complexos e altamente não lineares, como um furacão”, ressaltou Freitas.
Impactos no Brasil e no mundo
O desenvolvimento do MONAN coloca o Brasil em uma posição de destaque no cenário internacional de previsão climática. O modelo foi capaz de identificar e prever ciclones tropicais formados sobre as águas quentes do Atlântico, que podem evoluir para furacões de alta energia, como o Helene.
Com a temporada de furacões do Atlântico Norte prevista para durar até novembro, o MONAN continuará sendo testado para refinar suas capacidades de previsão.