A Apple revelou o seu novo grande projeto nos setores de Realidade Aumentada e Virtual (XR, realidade mista para nos referirmos a ambos os termos): o Apple Vision Pro. O dispositivo vem com as qualidades inatas dos produtos da Apple, design elegante e altíssima qualidade de som e imagem, e características que demonstram um grande avanço em relação aos outros dispositivos similares.
O que mais chama atenção, porém, é a possibilidade de que, em breve, um dispositivo de XR poderia, em alguns anos, aposentar um aparelho que revolucionou a forma como interagimos com o mundo digital: o smartphone.
O potencial para isso de fato existe. O Vision Pro irá reunir as funcionalidades dos demais dispositivos da Apple, e potenciar várias delas. Poderá ser usado tanto no ambiente doméstico e de lazer – streaming de filmes, música, games, chamadas, fotos e filmagens – como no corporativo, com videochamadas mais interativas e produção de conteúdo em 3D e permitam uma visualização integrada de objetos reais e virtuais.
Tudo isso com uma qualidade de imagem em 4K em cada olho e um sistema de som altamente imersivo, num dispositivo que tem milhares de patentes.
O isolamento do usuário em relação ao ambiente
Ao mesmo tempo, promete solucionar muitos dos problemas normalmente associados a dispositivos XR. Um deles é o “isolamento” do usuário em relação ao ambiente: os sensores do Vision Pro regulam automaticamente som e vídeo caso seja detectada a presença de um outro ser humano.
Também atua na via inversa: para uma experiência realmente imersiva, isola o usuário de distrações externas. E poderá ser controlado pelo uso das mãos, da fala e do olhar – sem necessidade de luvas ou controles.
Claro, o Vision Pro ainda não resolveu todos os problemas associados a um dispositivo de XR, o que indica que o Iphone ainda terá sua utilidade. A começar pelo alto preço, US$ 3.500 (pouco mais de R$ 17 mil), que afasta a grande maioria dos potenciais usuários.
Outro problema é sua bateria. A solução criada para aumentar a autonomia do aparelho foi conectar, por fio, o Vision Pro a uma bateria que fica no bolso no usuário. Isso deve limitar – e muito – a sua usabilidade. E, por fim, somente o uso nos permitirá dizer que o dispositivo é leve e compacto o suficiente para um uso confortável.
Esse é só o começo
No entanto, é preciso lembrar que esse é só o primeiro dos projetos anunciados. A partir de agora começará a ser criada uma grande comunidade de desenvolvedores de aplicações que poderão exprimir as grandes capacidades dos óculos. Exatamente como no caso dos celulares, a tendência é que cada vez mais empresas façam suas experimentações e, com o tempo, criem aparelhos mais leves, com telas cada vez menores – e a preços mais acessíveis.
Com o tempo, os dispositivos de XR podem sem dúvidas aposentar de vez os celulares. Mas também as televisões domésticas. A experiência de assistir a um filme pode tornar obsoleta até mesmo a mais avançada TV de alta resolução.
O Vision Pro também mostra a confirmação de uma tendência entre as novas tecnologias digitais: a computação espacial. A popularização do Metaverso foi um primeiro impulso. A chegada do 5G e, em alguns anos, do 6G, proporcionará um aumento de conectividade que permitirá um maior uso de dispositivos conectados com a realidade. Faltava um aparelho de XR que proporcionasse experiências imersivas. O caminho parece estar dado.
Essa é a inovação em seu poder máximo. Destruir o passado para criar um futuro melhor.
(*) Pablo Sáez é sócio líder de Digital Technology da NTT DATA Brasil.