A flexibilidade no trabalho tem se tornado um valor crucial para novos empregos, especialmente com a ascensão de modelos modernos e autônomos. Casos como de Renata Rodovalho e Adeni da Silva demonstram como a inovação está transformando carreiras tradicionais em áreas como finanças e tecnologia.
Cada vez mais a flexibilidade é um dos valores determinantes para quem busca um novo emprego ou está decidindo qual profissão trilhar. Segundo uma pesquisa feita pela WeWork com mais de 10 mil profissionais de diferentes empresas na América Latina, 95% dos colaboradores consideram a flexibilidade um dos fatores mais relevantes para escolher um emprego.
Além do simples home office ou modelo de trabalho com jornada híbrida, várias profissões se transformaram — ou surgiram — nos últimos anos na esteira de uma série de mudanças tecnológicas. Nesse cenário, novos postos de trabalho já nascem em condições mais modernas, com ênfase para a flexibilidade e a possibilidade de atuação de forma autônoma, o que para muitas pessoas pode se tornar uma opção interessante de carreira para ampliar o equilíbrio pessoal e profissional.
Líder de Recursos Humanos da WTM, empresa que atua com importação e exportação de tecnologia, Caroline Lenzi destaca que há uma relação visível entre diversidade nas empresas e inovação. Para ela, é natural que empresas que invistam em inovação atraiam mais mulheres para os seus quadros de funcionários e lideranças, em um cálculo que traz também resultados mais positivos às companhias.
Assim, o surgimento de startups com modelos inovadores tem possibilitado mudanças em carreiras já conhecidas em um caminho voltado a formas mais modernas de trabalho. Conheça dois exemplos abaixo.
Transformação no mercado financeiro
A carreira de bancário geralmente é vinculada a um imaginário mais tradicional, que envolve horários comerciais, agências de bancos e escritórios, com pouco espaço para o empreendedorismo e o trabalho independente. No entanto, mudanças no sistema financeiro e no mundo da tecnologia nos últimos anos, com o Open Banking e as inovações que surgiram a partir de fintechs, têm possibilitado novas formas de atuação dentro do setor e criado um novo espaço para empreender com liberdade.
Renata Rodovalho fez carreira em bancos até decidir mudar os rumos da vida no fim de 2021. Após mais de 20 anos em agências bancárias, ela decidiu pedir demissão para tirar um período sabático, realizar o sonhado intercâmbio e, na volta ao Brasil, buscar uma forma de empreender.
Fora do regime CLT, Renata começou a trabalhar como terceirizada responsável pelo setor financeiro de algumas empresas, até descobrir no fim de 2023 a modalidade de bancário autônomo, em que poderia atender a carteira de clientes que criou ao longo das décadas de carreira sem a necessidade de vínculo com um único banco. Trabalhando em home office e com mais flexibilidade de tempo, quis o destino que, aos 43 anos, a bancária ainda tivesse pela frente a primeira gravidez.
“Não foi planejada e acredito que nem em meus melhores sonhos eu teria projetado um momento mais pertinente para que esta gestação acontecesse. Quando penso no quão valioso é o tempo que dispomos para se dedicar a família, me sinto grata por ter a oportunidade de ser mãe juntamente no momento em que sou de fato dona do meu próprio tempo”, conta.
Na profissão de bancário autônomo, uma carreira ainda nova no Brasil, os profissionais atuam de forma independente como gerentes de relacionamento dos próprios clientes. Por meio de uma plataforma que faz a conexão entre as soluções ofertadas por diferentes bancos e instituições financeiras, o bancário autônomo consegue fazer um atendimento personalizado para o seu cliente — que geralmente seguem um perfil de renda mais elevada e buscam produtos financeiros com maior frequência. Renata utiliza a plataforma da Franq, empresa fundada em Florianópolis (SC) que lidera o mercado de bancários autônomos no Brasil.
“Eu prefiro estar com os clientes em suas empresas, tomar um café ouvi-los e compreender suas reais necessidades para buscar a solução sob medida. E muitos negócios evoluem no ambiente externo, pois já nas visitas é possível acessar a plataforma, até mesmo pelo celular”, explica a bancária, que faz questão de deixar claro que é preciso muita responsabilidade: “A liberdade sem responsabilidade não traz bons resultados, clichê mas é fato. Embora seja libertador não ter mais ponto para bater ou meta a cumprir, empreender é uma tarefa que exige algumas habilidades, além de disciplina e foco. Por exemplo, da minha perspectiva é imprescindível manter a regularidade na prospecção e para isso é necessário ter uma agenda ativa e estar próxima aos clientes é o que faz girar toda essa engrenagem”.
Crescimento flexível
Formada em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Adeni da Silva, 51 anos, passou por mais de dez empresas ao longo da carreira e, nesse período, enfrentou desafios que foram além da parte técnica. O machismo no setor de tecnologia foi um obstáculo constante. “Em uma das empresas, pelo simples fato de ser mulher, eu era tratada de forma diferente. Na época, éramos apenas duas mulheres na equipe e era comum ouvir frases como ‘vai pilotar fogão’ e até coisas piores”, lembra.
A virada na trajetória veio quando conheceu a FindUP, scale-up especializada em suporte de TI que conta com mais de 18 mil técnicos espalhados por todo o Brasil. Adeni descobriu a empresa pelo LinkedIn e viu ali uma oportunidade de crescimento. “Li sobre a FindUP e me interessei muito. Perguntei como funcionava, pedi dicas, estudei para me desenvolver bem e fui atrás da minha meta: ser funcionária da empresa”, conta.
Ela começou em março de 2024 como técnica da plataforma – função que permite atender chamados de TI de forma flexível, escolhendo os horários e as demandas conforme a localização. O modelo abriu caminho para que Adeni ganhasse experiência e, em dezembro, fosse contratada como assistente administrativa no projeto de um grande cliente da empresa. “O trabalho como técnica me proporcionou um aprendizado muito grande e me permitiu crescer dentro da empresa”, afirma.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.